Filme sobre viagem no tempo, na Netflix, é um dos mais assistidos do mundo na atualidade

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Aaron Moorhead e Justin Benson são amigos pessoais e companheiros de profissão, que dividem a maior parte de seus trabalhos. “Resolution”, “Primavera” e “O Culto” são alguns das suas produções em colaboração que antecedem “Synchronic”. Lançado em 2019, o filme é estrelado por Anthony Mackie e Jamie Dornan, que interpretam Steve e Dennis, respectivamente. Os personagens, assim como Moorhead e Benson, são melhores amigos e trabalham juntos. Eles são paramédicos em uma ambulância que percorre as ruas de New Orleans, socorrendo diariamente vítimas de tragédias.

Quando uma nova droga sintética, chamada Synchronic vira febre entre os jovens, os casos que eles atendem começam a se tornar um tanto quanto bizarros. Um rapaz que morre com uma espada no peito após usar a substância, uma moça que sofre combustão espontânea em um parque de diversões e outra que é picada por uma cobra em um quarto de hotel. Diante de situações improváveis durante o uso dessa droga, Steve fica curioso.

Após receber o diagnóstico de uma doença grave e, também, a notícia do desaparecimento de Brianna (Ally Ioannides), filha de Dennis, após ela usar a Synchronic, Steve decide experimentar a substância para compreender os efeitos que ela tem sobre seus usuários e investigar o sumiço da filha do amigo. Em seus testes, Steve descobre que a droga é capaz de fazer com que as pessoas que a usa faça uma viagem no tempo. A época e o lugar não são definidos e dependem de onde você está quando ingere o alucinógeno. A viagem do tempo faz com que as pessoas caiam no meio de situações, lugares e épocas perigosas.

Moorhead e Benson brincam com a ideia de uma “bad trip” e aplicam seu sentido literal, fazendo com que seus personagens realmente façam péssimas viagens durante o uso da droga que eles criaram. Sua intenção, embora o filme tenha algumas cenas engraçadas, nunca foi criar uma comédia. Pelo contrário, essa ficção-científica é muito mais intensamente permeada pelo drama que seus personagens atravessam em suas histórias pessoais.

Benson é quem assina o roteiro, enquanto Moorhead toma conta da fotografia do filme. Ambos assumem como diretores. Mas é preciso dizer que tudo aqui, nesta produção, é uma viagem. O enredo tem potencial para desenvolver um sci-fi incrível, mas infelizmente não se aprofunda na droga e nos seus efeitos, permanecendo na superfície do drama. Mas há uma evidente e declarada inspiração em “De Volta Para o Futuro”, de Robert Zemeckis. Também de “Efeito Borboleta”, de Eric Bress, J. Mackye Gruber.  

A fotografia de Moorhead é mais instintiva que técnica, embora com influências de “Vivendo no Limite”, de Martin Scorsese, que ele afirmou ter ajudado a inspirá-lo na iluminação. Também há uma pegada de Christopher Nolan em sua estética sombria e surrealismo, além de, quem sabe, algo de Terrence Malick em suas montagens conceituais, que exploram imagens do universo, da natureza, da criação.

O nome da droga, que virou o nome do filme, tem relação com o tempo cronológico, por isso Moorhead e Benson optaram por chama-lá Synchronic. “Synchronic” é um filme bastante ambicioso e que promete originalidade e intelectualidade, mas entrega apenas entretenimento.


Filme: Synchronic
Direção: Aaron Moorhead e Justin Benson
Ano: 2019
Gênero: Ficção-Científica/Drama
Nota: 7/10