O filme de ficção-científica mais subestimado da história da Netflix Divulgação / Condor Distribution

O filme de ficção-científica mais subestimado da história da Netflix

O suspense russo de Egor Abramenko, “Sputnik — Estranho Passageiro” teve seu lançamento prejudicado pela pandemia de coronavírus, em 2020. O filme deveria ter estreado no Festival de Tribeca naquele ano, mas teve de ser adiado. Escrito por Oleg Malovichko e Andrey Zolotarev, o thriller de ficção-científica tem um desenvolvimento interessante e acaba, surpreendentemente, fisgando o espectador, mesmo que sua premissa não seja tão original.

Já assistimos histórias similares em Hollywood. De “O Oitavo Passageiro”, “Predador”, “Aniquilação”, “Vida” a “A Experiência”, não são incomuns os enredos que contam sobre astronautas que partiram em missões especiais e espaciais e retornaram para a Terra com um pouco mais na bagagem que seus heroísmos. Quando alienígenas mal-intencionados vêm explorar um pouco da vida terrestre, quase sempre as consequências são catastróficas.

Em “Sputnik — Estranho Passageiro” acompanhamos a jornada da renomada psicóloga Tatyana Klimova (Oksana Akinshina) para avaliar o estado mental do passageiro que sobreviveu a uma missão que deu errado, Konstantin Veshnyakov (Pyotr Fyodorov). Não, na verdade, a missão foi cumprida. O verdadeiro problema ocorreu no retorno, quando a tripulação foi atacada por seres extraterrestres. Único sobrevivente desta viagem espacial, Konstantin não voltou sozinho, mas traz consigo um hóspede que adormece dentro de seu corpo durante o dia e sai à noite. No entanto, Konstantin não tem consciência de que se tornou apenas uma vestimenta espacial para o perigoso alienígena que se beneficia de seu corpo.

Tatyana, junto com a equipe de cientistas, analisa o comportamento de Konstantin e de seu inquilino para descobrir uma forma de retirar, de uma vez por todas, o alienígena do corpo sem prejudicar a saúde do astronauta. Mas Konstantin está impaciente para saber o que está acontecendo e deixar a estação, promovendo tentativas de fugas que vão dificultar o trabalho da equipe.

A maior parte das cenas de “Sputnik — Estranho Passageiro” foram gravadas entre os anos de 2018 e 2019 no Instituto Shemyakin-Ovchinnikov de Química Bio-orgânica em Moscou. O local foi construído em 1959. A baixa iluminação, as instalações industriais que excluem acabamentos, ornamentações ou finalizações, deixando fios, canos, cimentos e partes estruturais à mostra reforçam ainda mais a atmosfera de precariedade, perigo e terror.

A estética do alienígena, que foi completamente realizado em CGI foi inspirada no dragão-de-komodo, com exceção dos membros inferiores. O extraterrestre não possui a parte de baixo do corpo, mas uma longa cauda ramificada. Mas é importante destacar que ele não se beneficia de seu hospedeiro sozinho, mas também ajuda sua “capa” a se manter viva. É justamente por causa dele que Konstantin sobreviveu, enquanto os outros morreram. O alienígena o permite se curar com mais eficiência e rapidez de seus machucados e o ajuda a aperfeiçoar seu corpo físico, o tornando mais resistente e disposto durante exercícios físicos. A grande questão é: agora que Konstantin virou casa para o alienígena, ele poderá sobreviver sem ele? O extraterrestre se torna cada vez mais resistente, podendo passar, aos poucos, mais tempo fora de seu corpo. Quais seus objetivos na Terra, afinal?

“Sputnik — Estranho Passageiro” é um filme que vai agradar quem gosta de filmes similares, porque contém uma boa dose de mistério, suspense e ação, sendo um entretenimento bem-sucedido para apreciadores do gênero.


Filme: Sputnik — Estranho Passageiro
Direção: Egor Abramenko
Ano: 2020
Gênero: Terror/Mistério/Ficção Científica
Nota: 7/10

Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.