Ao estilo “Chamas da Vingança”, a produção francesa “Agente Infiltrado” é um emocionante thriller de ação de direção de Morgan S. Dalibert, que coescreveu o roteiro com Alban Lenoir, estrela desse longa-metragem. Lenoir é um homenzarrão com silhueta de guerreiro viking, habilidades agonísticas e cara de homem bruto. Seu personagem é tudo isso e mais um pouco. Ele interpreta Adam Franco, um agente secreto que consegue se infiltrar em uma facção criminosa de alto escalão em busca de um suposto terrorista sudanês, chamado Moktar (Kevin Layne).
Adam é implacável diante de qualquer batalha. Uma verdadeira arma letal em forma de gente. Quando chega para trabalhar para o chefão Victor (Eric Cantona), que tem vínculo com Moktar, logo se torna seus músculos de aço. Ele se destaca entre os outros e passa a ser guarda-costas de Jonathan, filho adotivo do chefe.
Mas Victor está com grandes problemas com um rival, Amet. Com uma guerra declarada, Adam se vê no centro dessa troca de tiros violenta e que, sem dúvidas, terminará com muitos corpos pelo caminho.
Mas o verdadeiro problema para Adam é quando precisa encarar alguns dilemas morais. O primeiro deles, é quando Adam se apega a Jonathan (Noé Chabbat), um garotinho doce e indefeso, que acaba sequestrado pelo grupo rival. O padrasto se nega a pagar o resgate, então Adam se vê forçado a resolver o problema sozinho.
Na verdade, Adam é a única pessoa que consegue resolver qualquer problema neste filme, enquanto os outros personagens giram em círculos como baratas sem cabeça. “Agente Infiltrado” não é uma produção preocupada apenas em entregar entretenimento, mas seu roteiro é cheio de camadas que conseguem ser muito bem exploradas no decorrer de suas duas horas de duração. Às vezes, ele pode ser um pouco arrastado, mas, acredite, vale a pena chegar até o final.
Os papéis acabam invertidos nesta trama, que mostra que nem sempre quem acreditamos ser os mocinhos e bandidos ocupam, realmente, estas posições. O segundo dilema moral que Adam encontra em seu caminho é quando confronta pessoalmente Moktar e este lhe revela que está na França a pedido do próprio ministro, um dos superiores de Adam.
Moktar explica que se tornou inimigo de estado por não concordar com o imperialismo e a exploração mineral do Sudão praticado pela França. Enquanto fala sobre todo o sangue derramado em seu país às custas de um falso acordo com o governo francês de apoio à democracia, Adam precisa refletir sobre qual o lado certo da história e como se posicionar. Mas nem tudo é escala de cinza e há, sem dúvidas, muitas reflexões a serem feitas neste filme.
Cantona, que é um ex-jogador de futebol, ganhou um papel um pouco insosso aqui e que não o dá oportunidade de mostrar um lado mais desagradável de seu personagem. Um chefe sem muita mão de ferro ou sem muita autoridade, que às vezes aparenta até ser um pouco frágil demais para a posição que ocupa. Já Lenoir brilha como um excelente ator, embora seu personagem lacônico mantenha quase sempre a mesma expressão congelada e insensível. Mesmo assim, Lenoir consegue conquistar o público, que desperta uma boa dose simpatia pelo anti-herói.
Título: Agente Infiltrado
Direção: Morgan S. Dalibert
Ano: 2023
Gênero: Ação
Nota: 8/10