A história emocionante e angustiante, digna de Oscar, que passou despercebida na Netflix Divulgação / Netflix

A história emocionante e angustiante, digna de Oscar, que passou despercebida na Netflix

Após gravar o terror “A Coisa”, o diretor Matthijs van Heijningen Jr. ficou 10 anos sem trabalhar em nenhum filme. Até que uma coprodução da Netflix movimentou novamente sua carreira. “A Batalha Esquecida”, quando lançado, foi o segundo filme mais caro da Holanda, atrás apenas de “A Espiã”. Foram gastos aproximadamente 20 milhões de dólares para executar a obra. O resultado foi um thriller de guerra angustiante e aterrorizante, que levou diversas premiações em seu país de origem.

Embora o valor pareça alto, “A Batalha Esquecida” é considerado um baixo orçamento para filmes de guerra. Por exemplo, “Além da Linha Vermelha” custou cerca de 53 milhões de dólares; “O Resgate do Soldado Ryan”, 70 milhões; já em “Falcão Negro em Perigo”, foram investidos 92 milhões de dólares. Isso significa que o tempo de execução das filmagens também foi mais curto, já que cada dia de gravação demanda cachê de funcionários, aluguel de espaços e equipamentos, alimentação e estadia. Outro exemplo de como “A Batalha Perdida” fez muito com pouco é o fato de sua cena de abertura ter sido gravada em apenas três dias. A cena inicial de “O Resgate do Soldado Ryan” levou seis semanas.

Mas se você está se perguntando se tudo isso fez diferença no resultado, a resposta é não. Heijningen conseguiu um primoroso trabalho, com cenas extremamente convincentes e intensas, incluindo a queda de um avião das forças aliadas e momentos vigorosos no campo de batalha.

O enredo acompanha três arcos de personagens durante os momentos finais da Segunda Guerra Mundial, em setembro de 1944, que acabam se cruzando em algum momento do filme. Há o de Marinus van Staveren (Gijs Blom), um jovem holandês que decide lutar do lado dos nazistas. Após ser ferido gravemente no intestino, durante uma batalha, ele é indicado para trabalhar no escritório do comandante nazista Oberst Berghof, na Zelândia.

Também conhecemos Tony Turner (Tom Felton), um oficial da Força Aérea britânica, cujo avião cai com seu grupo de soldados durante a Operação Market Garden. Embora feridos e cansados, eles precisam atravessar o oceano para chegar até a Zelândia para se impor sobre os nazistas na Holanda. Outro ponto de vista que acompanhamos é o de Teuntje Visser (Susan Radder) e seu irmão, Dirk (Ronald Kalter), que se juntam à resistência.

Tudo começa com uma das histórias mais surpreendentes da guerra, que é quando no dia 5 de setembro de 1944, tropas alemãs batem em retirada da Zelândia, acreditando que as Forças Aliadas haviam entrado na Holanda. Apesar da grande comoção popular, pessoas comemorando nas ruas a suposta libertação, os aliados estão menos vitoriosos do que parece. Exaustos, sem comida e medicamentos e em pouco número, não conseguem atravessar a fronteira além da Antuérpia. No dia seguinte, os nazistas que havia se retirado, retornam.

Acompanhamos todos os lados da guerra nesse longa-metragem com fotografia de cores frias e azuladas de Lennert Hillege e um design de som primoroso realizado por Herman Pieëte, que trouxe todos os detalhes e realismo das metralhadoras alemãs MG-42, que disparavam 1.500 tiros por minuto. Neste trabalho caprichado, os admiradores de filmes de batalhas e, também, apreciadores e estudiosos da história vão se deleitar com uma superprodução didática e emocionante.


Filme: A Batalha Esquecida
Direção: Matthijs van Heijningen
Ano: 2020
Gênero: Guerra
Nota: 9/10

Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.