Suspense psicológico argentino na Netflix é um tesouro escondido que você precisa assistir

Suspense psicológico argentino na Netflix é um tesouro escondido que você precisa assistir

“La Misma Sangre” é um filme argentino de 2019, dirigido por Miguel Cohan, que parece aquelas notícias que a gente lê em jornal sensacionalista: macabro e totalmente possível. Sabe aquelas histórias bizarras de feminicídio que são inacreditavelmente reais? Pois é. Infelizmente essas notícias parecem cada vez mais frequentes. A gente não tem certeza se esse tipo de violência cresce ou se apenas passou a ser mais noticiado.

O thriller argentino nos envolve em uma trama familiar cheia de tensão e intriga, crime e castigo. Soou dostoievskiano? É porque é. Tudo começa com a morte da matriarca da família Adriana (Paulina Garcia). Aparentemente, seu falecimento foi provocado por uma tragédia completamente acidental. Adriana, que trabalhava com confeitaria, estava batendo alguns ingredientes na batedeira industrial, quando a corrente que estava em seu pescoço se enrolou na hélice da máquina, provocando sua morte por enforcamento. A cena é clara e a perícia no local aponta os fatos.

Apesar de tudo parecer muito claro, há algo suspeito no comportamento de Elías (Oscar Martínez), homem com quem Adriana teve um casamento de 45 anos, embora agora estivessem separados sem o conhecimento da família. Ela havia se apaixonado por Lautaro (Luis Gnecco), com quem pretendia recomeçar a vida. Adriana já havia avisado Elías, que aceitou a separação, mas não havia assinado ainda os papeis do divórcio. O casal ainda não tinha comunicado a filha, Carla (Dolores Fonzi) e nem o genro, Sebastián (Diego Velázquez) do fim do casamento.

Mas quando ela morre, o primeiro a olhar com estranheza e desconfiança toda a situação é o genro. No dia da morte de Adriana, Sebástian ouviu uma fervorosa discussão entre ela e o sogro. Depois, ele percebeu que o comportamento de Elías mudou, ficou distante. Então, começou a notar cacos de vidro sob um aparador e uma peça do colar da falecida na sala. Adriana havia morrido em outro cômodo da casa. Como aquela pedra foi parar lá? Enquanto Sebástian avança seus cavalos, bispos e torres como em um tabuleiro de xadrez, Elías se esquiva com a leveza de quem pisa com meias de lã. Essa dinâmica comportamental familiar dá uma bela análise psicológica, mas não é o que vamos fazer aqui. O filme observa, como olhos curiosos, as reações de cada membro da família diante da morte da matriarca. Carla, que está em luto, não consegue enxergar o que Sebastián vê, à princípio.

No entanto, depois que o marido planta a semente da dúvida em sua mente, ela começa a questionar. Carla procura Lautaro. Quer descobrir se ele sabe de algo. Ele conta sobre o caso com Adriana e a separação dela de Elías. Mas nesta cena, o espectador já sabe tudo, afinal, visitou a lembrança do patriarca no dia da morte por meio de flashback. Mas a conversa entre Carla e Lautaro também semeia desconfianças na mente do amante, que pretende tirar a limpo o que houve.

Se a morte de Adriana já despedaçou a família, o que poderia acontecer se descobrissem que o próprio marido a causou? Mais dor e danos. Cohan explora de um jeito muito trágico e realista as consequências incalculáveis de um ato apressado, impulsivo e cruel dentro de um lar. Um filme intrigante, psicológico e que vai te colocar para pensar o que faria no lugar de cada personagem.


Filme: La Misma Sangre
Direção: Miguel Cohan
Ano: 2019
Gênero: Suspense/Policial
Nota: 8/10