Você não assistiu, mas deveria: thriller pós-apocalíptico, na Netflix, vale cada segundo Divulgação / Sony Pictures

Você não assistiu, mas deveria: thriller pós-apocalíptico, na Netflix, vale cada segundo

Dos irmãos Albert e Allen Hughes, “O Livro de Eli” se passa em um futuro pós-apocalíptico em que o mundo foi destruído por guerras religiosas. Todas as bíblias foram queimadas, acusadas de provocar  a ruína da humanidade, exceto pelo último exemplar, carregado por Eli (Denzel Washington), um viajante bom de briga, de poucas palavras e que guarda um importante segredo sobre sua condição física que só é revelado no final. No meio de seu caminho, ele cruza com Carnegie (Gary Oldman), líder de uma pequena cidade construída no meio do deserto, cujo objetivo de vida é conseguir o livro guardado por Eli.

Água, comida e combustível são itens preciosíssimos. Objetos comuns se tornaram moeda de troca. A luta por sobrevivência tornou os humanos sanguinários e deploráveis. Mas Eli sabe o valor do livro que carrega em um mundo completamente sem esperanças. Carnegie quer a bíblia, porque tem consciência do poder que suas palavras exerce sobre o espírito das pessoas. Sabe que ela é capaz de torna-lo um homem ainda mais poderoso. Eli também sabe que o livro, nas mãos da pessoa errada, pode tornar o mundo um lugar ainda pior do que já está.

Carnegie, ao saber que Eli possui o que ele procura, dedica todo seu aparato humano e material para persegui-lo e fazê-lo entregar a bíblia. A disputa vai acarretar muita briga, destruição e morte e, consequentemente, muito entretenimento para os espectadores. Eli ainda irá ganhar uma aliada, a jovem Solara (Mila Kunis), que sonha em escapar do local de escravidão de onde vem e, por isso, decide segui-lo em sua jornada.

“O Livro de Eli” tem uma estética meio “Mad Max”, com roupas de couro e pele de animais, casacos grossos e paisagem desértica. A fotografia sem saturação passa a sensação de escassez de vida, da disputa mais pura e crua por sobrevivência. Com muitas cenas de lutas coreografadas, tiros e explosões, Denzel Washington, que tinha 56 anos quando interpretou Eli, teve de perder 20 quilos e se preparar em lutas marciais com Dan Inosanto, aluno direto de Bruce Lee. Ele não precisou de dublê para as cenas. A escolha pelo nome de Gary Oldman para o papel de Carnegie foi um pedido do próprio Denzel para o filme, que acabou sendo atendido.

“O Livro de Eli” é sobre como disputas religiosas podem ser destrutivas e levar à aniquilação da humanidade, mas também como a própria fé pode renascer das palavras e também reconstruir o que está em ruínas. Segundo a instituição estadunidense Pew Research Center, o mundo conta, atualmente, com 2,18 bilhões de pessoas que se autodenominam cristãs. Essa é a fé mais professada. No entanto, a projeção para daqui 30 anos é que o número de muçulmanos se iguale. A fé pode ser importante para algumas pessoas, especialmente para o espírito, driblar depressões, encontrar um sentido na vida, ter esperanças em um mundo pós-morte, dentre outras coisas. Enquanto isso, é preciso que o cinema continue a discutir e criticar o quanto for preciso os danos e os benefícios das crenças para a humanidade, para que nunca deixe de ser democrática e respeitosa e, sobretudo, que nunca se sobreponha ao conhecimento científico.


Filme: O Livro de Eli
Direção: Allen Hughes e Albert Hughes
Ano: 2010
Gênero: Ação
Nota: 6/10