Emily Cooper está amadurecendo — e isso é péssimo. Na quinta temporada, nota-se que a protagonista de “Emily em Paris” vem deixando de ser a garotinha ingênua de há cinco anos e ficando mais atirada, mais sagaz, mais cínica. A Cidade Luz serviu-lhe de inspiração para uma série de mudanças, e a mocinha enfim aprendeu a desvendar alguns códigos de uma sociedade predatória, tornando-se também ela uma farsante. A série de Darren Star pega o espectador pelos olhos, graças ao apuro das locações e dos figurinos criados por Marylin Fitoussi, mas quem já conhece os lugares onde desenrola-se a trama ou não se interessa por moda não tem muitas razões para acompanhar a especialista em mídias sociais mais famosa da cultura pop por outra dezena de episódios.
Emily, essa nômade fashion, deixou Paris e iniciou um périplo pela Itália. Como não se pode ter tudo, ela continua cheia de enroscos românticos, tentando esquecer o chef Gabriel e engatar um namoro sério com Marcello Muratori, braço direito da mãe, Francesca, numa das maiores fabricantes de caxemira da Europa. Definitivamente, é ela a estrela da Grateau, a agência de Sylvie, superando a veterana em faturamento e rede de contatos, mas existem algumas pedras nesse novo caminho. A campanha de um perfume para bebês (!) fracassa, e ela tem a oportunidade de juntar o útil ao agradável se aceitar um cargo de chefia na empresa dos Muratori, o que quer dizer abandonar Sylvie, a pessoa que ensinou-lhe tudo o que sabe, e mudar-se para Solitano, uma vila medieval na Úmbria.
Essa possibilidade de um horizonte novo para Emily ocupa uma boa parte da narrativa, sem contudo ir além do clichê, mostrando a protagonista sempre impecável enquanto reflete sobre que decisão tomar, amando Marcello, porém certa de que ainda é cedo demais para dar passos tão definitivos. Andrew Fleming, o diretor do décimo capítulo, encontra soluções um bocado inventivas para fechar alguns arcos, e não é casual que uma das cenas mais esclarecedoras de toda a série se dê em torno de Mindy, a melhor amiga interpretada por Ashley Park, a bordo de uma gôndola num canal de Veneza. Lily Collins e Philippine Leroy-Beaulieu oferecem instantes de entretenimento despretensioso com a rixa intergeracional de Emily e Sylvie, mas fica a sensação de que é hora da moça se aquietar.
Série: Emily em Paris — 5ª temporada
Criação: Darren Star
Anos: 2020-2025
Gêneros: Romance, comédia, drama
Nota: 7/10






