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Como Treinar Seu Dragão: retorno em live-action no Prime Video tem 97% de aprovação do público no Rotten Tomates Divulgação / Universal Pictures

Como Treinar Seu Dragão: retorno em live-action no Prime Video tem 97% de aprovação do público no Rotten Tomates

“Como Treinar Seu Dragão” surge em live-action sem a menor intenção de se afastar da animação de 2010. A trama é essencialmente a mesma: Soluço, jovem viking franzino e deslocado, tenta encontrar seu lugar em Berk, uma aldeia que construiu sua identidade na guerra permanente contra dragões. Filho de Stoico, líder respeitado e temido, ele carrega o peso de uma herança que não combina com seu temperamento. O encontro com Banguela, um Fúria da Noite ferido, reorganiza esse mundo. A partir daí, o filme aposta na repetição quase literal de situações, conflitos e resoluções já conhecidas, como se o principal gesto criativo estivesse justamente na recusa de reinventar o que já funcionava.

Essa decisão é coerente com a postura do diretor Dean DeBlois, que parece tratar o projeto como uma transposição, não como uma releitura. O resultado é um enredo claro, direto e sem desvios: a amizade entre humano e dragão se torna o eixo moral que confronta a lógica bélica de Berk e força Soluço a amadurecer diante do pai e da comunidade.

Atuação e presença física

Mason Thames assume Soluço com correção técnica e alguma contenção emocional. Ele reproduz bem a insegurança do personagem, mas raramente alcança a ambiguidade que tornava o protagonista animado tão expressivo. Já Nico Parker, como Astrid, ganha mais espaço dramático e uma função narrativa mais ativa, ainda que sua interpretação oscile entre firmeza e rigidez. O grande destaque é Gerard Butler, que retorna ao papel de Stoico com evidente envolvimento. Sua presença física, a voz grave e o modo como ocupa o espaço conferem ao personagem uma densidade que sustenta boa parte do drama familiar do filme.

Os coadjuvantes cumprem funções claras, mas discretas. Gobber, vivido por Nick Frost, funciona como alívio pontual, enquanto Melequento, Cabeça-Dura e Cabeça-Quente permanecem periféricos, quase decorativos dentro da progressão do conflito central.

Dragões, espetáculo e escala

A conversão dos dragões para um registro mais realista amplia a sensação de risco e peso físico, sobretudo nas cenas de voo e combate. Banguela preserva traços de expressividade suficientes para sustentar o vínculo com Soluço, embora algumas reações pareçam mais mecânicas do que na animação. A batalha final contra o Morte Rubra mantém a lógica do original: ação direta, solução estratégica e sacrifício pessoal como rito de passagem. Nada surpreende, mas tudo se organiza com clareza.

Necessidade e legado

O ponto mais debatível do filme não está em sua execução, mas em sua razão de existir. “Como Treinar Seu Dragão” não acrescenta novas camadas temáticas nem revisa seus dilemas centrais. Ainda assim, há mérito em sua honestidade. Ao evitar ironias tardias ou atualizações forçadas, o longa reafirma uma narrativa simples sobre empatia e escolha moral. Talvez não seja indispensável, mas funciona como reafirmação de um mito recente, agora revestido de outra matéria, sem trair aquilo que o tornou duradouro.

Filme: Como Treinar Seu Dragão
Diretor: Dean DeBlois
Ano: 2025
Gênero: Ação/Aventura/Comédia/Drama/Família/Fantasia
Avaliação: 8/10 1 1
★★★★★★★★★★
Fernando Machado

Fernando Machado é jornalista e cinéfilo, com atuação voltada para conteúdo otimizado, Google Discover, SEO técnico e performance editorial. Na Cantuária Sites, integra a frente de projetos que cruzam linguagem de alta qualidade com alcance orgânico real.