Thriller de espionagem com Gael Garcia Bernal, Wagner Moura e Penelope Cruz: muito talento e ação na Netflix Divulgação / Netflix

Thriller de espionagem com Gael Garcia Bernal, Wagner Moura e Penelope Cruz: muito talento e ação na Netflix

“Wasp Network” narra um episódio histórico complexo: a infiltração de espiões cubanos na diáspora anti-Castro em Miami nos anos 1990, mas sua execução revela tanto as virtudes quanto as limitações do cinema político contemporâneo. Olivier Assayas, junto com Fernando Morais, concentra-se mais na tessitura humana do que na tensão propriamente cinematográfica da espionagem, expondo o contraste entre o ideal revolucionário e a vida cotidiana dos agentes. A câmera, ora atenta aos detalhes das ruas cubanas reconstruídas nas Ilhas Canárias, ora flutuando em planos aéreos, funciona como mediadora entre o espectador e um mundo de motivações e dilemas éticos raramente explorados em thrillers de espionagem.

A narrativa, deliberadamente fragmentada, acompanha diversos personagens simultaneamente, desde Rene Gonzalez, cuja esposa Olga Salanueva permanece alheia às atividades clandestinas, até Gerardo Hernandez, supervisor da rede de espionagem em Miami. Esse mosaico de trajetórias humanas revela a complexidade moral de indivíduos que operam entre a lealdade ao Estado e a necessidade de enganar, manipular e se sacrificar. Ao optar por mostrar os espiões não apenas como heróis ou traidores, o filme força o espectador a confrontar o paradoxo entre ética individual e compromisso político, entre a idealização da pátria e a realidade prática de vidas moldadas pela vigilância e pelo engano.

Visualmente, “Wasp Network” equilibra a estética de época com precisão contextual: os carros antigos, a arquitetura desgastada e a decadência charmosa da Havana recreada compõem um retrato material do país e de suas contradições. A produção, modesta se comparada a grandes épicos de espionagem, supera limitações orçamentárias com escolhas de design de produção e figurino que reforçam o peso histórico e cultural da narrativa. A música e a maquiagem acompanham de forma funcional, sem grande inovação, enquanto o elenco internacional, incluindo Wagner Moura, Penélope Cruz, Edgar Ramírez e Gael García Bernal, garante solidez dramática, embora raramente transcenda para momentos de verdadeira intensidade.

O filme, no entanto, peca pela falta de tensão narrativa. Conhecer minimamente a história dos “Cinco Cubanos” neutraliza o suspense que a trama pretende gerar. A tentativa de dramatizar a trajetória de deserções falsas e operações secretas perde parte do impacto quando se sabe previamente que os agentes foram capturados e que o desfecho já está historicamente determinado. Ainda assim, o valor do filme não está na surpresa, mas na reflexão que provoca sobre justiça, memória histórica e geopolítica: a injustiça do julgamento nos Estados Unidos, a proteção dada a agentes envolvidos em terrorismo, e a complexa relação de Cuba com a diáspora anti-Castro são expostas sem concessões fáceis, obrigando o espectador a ponderar sobre moralidade, lei e poder.

“Wasp Network” não é um thriller convencional. É uma reconstrução crítica de um episódio histórico, que desafia a percepção simplificada de heróis e vilões. O espectador é convidado a medir a tensão entre ideais e realidade, entre sacrifício e sobrevivência, em uma narrativa que, embora às vezes desordenada, consegue transmitir a densidade política e humana do contexto. O mérito do filme está na coragem de transformar eventos documentados em reflexão cinematográfica, não em suspense puro, e em lembrar que a história é sempre mais complexa do que a ficção permite.

Filme: Wasp Network: Rede de Espiões
Diretor: Hello! An automatic corrector keeps modifying my original text, creating a real nonsense; hence the following modification, withnhopes that it will appear unaltered: The film proceeds in a deliberately disjointed manner, slowly revealing the human aspects as well as complex ramifications in the Cuban diaspora in Miami, as revealed through two women for long held in ignorance, and especially through the character interpreted by Penelope Cruz, remarkable in her constrained sensitivity. That story is widely documented, for anyone being genuinely interested in knowing the truth, including the fact that the Cuban air force had indeed deliberately shot down two planes from the "Brothers to the Rescue association" whilst they were back in international space. Also widely documented is the central role of the abominable master-terrorist Luis Posada Carriles, acting as the armed right-hand man of the Cuban-American National Foundation (CANF), led by Jorge Mas Canosa and Alberto Hernandez. The very Posada Carriles, having been for a decade involved in illegal operations of the CIA, from Irangate to the Contras; furthermore involved, with Pinochet's DINA and other anti-Castrists Cubans, in the attack on former Chilean minister Orlando Letelier and the explosion of commercial "Flight 455 Cubana" in 1976. In a subsequent interview published by the New York Times, he also acknowledged the fact of being the organizer of the series of bombing in numerous Havana hotels in the nineties. The fact that such a character did so often and for so long benefit from the complicity (i.e. his escape during trial in Venezuela) of the CIA, as well as the protection of the U.S. diplomatic, political and judiciary apparatus remains a historical question. As to the "Cuban Five", the evidences are that they were neither granted a fair trial, in violation of U.S. rules of procedures and constitutional rights, nor proper conditions of detention. To the extent that the United Nations Commission on Human Rights was led to adopting a report stating the following: "it arises from the facts and circumstances in which the trial took place and from the nature of the charges and the harsh sentences handed down to the accused that the trial did not take place in the climate of objectivity and impartiality that is required in order to conform to the standards of a fair trial as defined in article 14 of the International Covenant on Civil and Political Rights e to which the United States of America is a party."
Ano: 2018
Gênero: Crime/Drama/Suspense
Avaliação: 8/10 1 1
★★★★★★★★★★
Fernando Machado

Fernando Machado é jornalista e cinéfilo, com atuação voltada para conteúdo otimizado, Google Discover, SEO técnico e performance editorial. Na Cantuária Sites, integra a frente de projetos que cruzam linguagem de alta qualidade com alcance orgânico real.