Suspense policial com Jason Statham e Jennifer Lopez no Prime Video não vai te deixar piscar até o último segundo Jack English / Film District

Suspense policial com Jason Statham e Jennifer Lopez no Prime Video não vai te deixar piscar até o último segundo

Fica difícil imaginar alguém mais adequado para encarnar o personagem-título de “Parker” que Jason Statham. A inexpressividade marmórea de Statham, um rosto (e um corpo) já bastante conhecidos do público em enredos como este, realçam na medida o caráter eminentemente musculoso do filme de Taylor Hackford, e a parceria dos dois constitui-se uma verdadeira ode às tramas ligeiras, inconsequentes, sem comprometimento muito rigoroso com o método, o que vem a ser garantia inescapável de diversão. Baseado no suspense policial “Flashfire” (2000), de Donald E. Westlake (1933-2008), o roteiro de John J. McLaughlin mantém o espírito irreverente do escritor, fiando-se no carisma de seu dúbio anti-herói, um criminoso com pruridos éticos que não se conforma de ter sido passado para trás e quer justiça. Ou melhor, faz a sua própria justiça.

Parker chega à Feira Estadual de Ohio pronto para um roubo cinematográfico. Ele veste-se de padre, com direito a peruca grisalha e clérgima, enquanto seus companheiros de bando infiltram-se entre o público e os funcionários, e logo estão todos na tesouraria, prontos a colocar as mãos nas sacolas cheias de dinheiro vivo das entradas. As coisas começam a dar errado para ele quando um dos bandidos insiste que Parker renuncie a uma fração do que tem a receber para que o dinheiro vá para uma espécie de consórcio, mediante o qual serão planejados golpes mais audaciosos. Ele não sabia, mas sua rebeldia iria lhe custar uma tentativa de assassinato, de que escapa graças a uma família de rancheiros que tiram-no da beira de um lago e levam-no ao hospital, onde continua sua saga de socos, pontapés e, mais importante, disfarces que nunca enganariam nem uma criança na vida real. Mas quem se importa? 

Ainda não completamente restabelecido, Parker ruma para a Flórida atrás dos ex-parceiros que o enganaram. Para não levantar suspeita, apresenta-se como um texano rico à procura de casa, e quem o atende é Leslie Rodgers, uma corretora de imóveis endividada, morando com a mãe bruxa. O diretor elabora com habilidade a subtrama do anti-herói e sua candidata a redentora, com Jennifer Lopez segura no papel de uma mulher instável, mas que mantém vivo o fio de esperança numa solução para seus problemas tão ordinários. Este curioso anti-casal firma uma sociedade depois que Leslie nota que Parker não pode dispensar sua colaboração, e o homizia no banheiro. “Parker” não tem a menor pretensão de arrebanhar espectadores que já não tenham afinidade com o gênero, e esta é seu grande trunfo. A primeira experiência de Hackford no gênero é louvável, ainda que o filme raramente chegue ao fundo dos conflitos que expõe. Statham e Lopez, porém, valem os 118 minutos. Juntos, por evidente.

Filme: Parker
Diretor: Taylor Hackford
Ano: 2013
Gênero: Ação/Crime/Policial/Suspense
Avaliação: 8/10 1 1
★★★★★★★★★★
Giancarlo Galdino

Depois de sonhos frustrados com uma carreira de correspondente de guerra à Winston Churchill e Ernest Hemingway, Giancarlo Galdino aceitou o limão da vida e por quinze anos trabalhou com o azedume da assessoria de políticos e burocratas em geral. Graduado em jornalismo e com alguns cursos de especialização em cinema na bagagem, desde 1º de junho de 2021, entretanto, consegue valer-se deste espaço para expressar seus conhecimentos sobre filmes, literatura, comportamento e, por que não?, política, tudo mediado por sua grande paixão, a filosofia, a ciência das ciências. Que Deus conserve.