Daniel Radcliffe troca varinhas por pistolas em filme caótico e divertido na HBO Max Divulgação / Altitude Film Entertainment

Daniel Radcliffe troca varinhas por pistolas em filme caótico e divertido na HBO Max

Anos após encarnar o bruxo Harry Potter em uma longa saga de filmes, Daniel Radcliffee parece atraído, hoje, por outro perfil de papéis: aqueles em produções excêntricas. Passando por “Um Cadáver para Sobreviver”, “Amaldiçoados” e também “Weird: The Al Yankovic Story”, “Guns “ não fica para trás. Provavelmente, a escolha desses papéis simbolize um rompimento com a imagem heroica que lhe foi imposta pela história de J.K. Rowling: uma bênção e, ao mesmo tempo, uma maldição para Radcliffe, tornando-o eternamente uma caricatura de seu personagem mais famoso.

Em “Guns Akimbo”, filme de Jason Lei Howden, que, antes de se tornar diretor, era especialista em efeitos visuais e trabalhou em produções como “O Hobbit: Uma Jornada Inesperada”, “Homem de Ferro”, entre outras, Radcliffe interpreta Miles, um programador que comenta um vídeo de violência na internet e acaba sendo rastreado e sequestrado por um grupo que promove duelos entre participantes forçados a matar uns aos outros para sobreviver. Tudo é filmado e transmitido ao vivo.

Miles tem parafusada em cada uma das mãos uma pistola que deverá usar na competição. No entanto, sendo um nerd, vegetariano e pacifista, ele se torna um perfil inusitado de jogador, promovendo as mais altas audiências para a transmissão ao vivo. Recusando-se a reagir com violência, vê sua ex-namorada, por quem ainda é apaixonado, ser sequestrada e ameaçada pelo grupo. Caso não embarque na proposta, ela será morta.

A ideia do filme mistura suspense e comédia em uma sátira à viralização dos streamings, à monetização e espetacularização da violência e ao voyeurismo de personalidades da internet, mas utilizando uma estética inspirada em videogames. O roteiro, também assinado por Howden, foi concebido a partir dos action movies dos anos 1980. No entanto, ele não queria machões como Rambo, Dandee ou os personagens de Chuck Norris; quis inserir, nesse contexto de sobrevivência, alguém que parecesse comum.

A fotografia de Stefan Ciupek é marcada pelo uso de câmeras RED, que capturam contrastes intensos, cores saturadas e planos rápidos com ritmo de jogo. Também se destaca pelo uso de neon e pela estética neo-noir. Já a trilha sonora, assinada por Enis Rotthoff, mistura elementos eletrônicos com orquestrais, criando uma linguagem musical com estética punk/digital. A montagem privilegia a ação e a sensação de caos, mas sem perder a coerência narrativa.

Com um orçamento de 15 milhões de dólares, o longa-metragem conseguiu exibição em poucas salas ao redor do mundo, não chegando a arrecadar mais de 2 milhões nas bilheterias. De recepção dividida, alguns críticos consideraram o filme bizarro e excessivamente violento, enquanto outros elogiaram sua originalidade e ousadia estética.

“Guns Akimbo” provavelmente não será um clássico que se perpetuará na memória dos cinéfilos, mas sua autenticidade é, sim, um ponto a se destacar. O filme é divertido, sarcástico e ainda permeado por boas atuações.

Filme: Guns Akimbo
Diretor: Jason Lei Howden
Ano: 2019
Gênero: Ação/Comédia/Crime/Suspense
Avaliação: 8/10 1 1
★★★★★★★★★★
Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.