Alguns filmes narram histórias de amor e outros dissecam o que o amor é capaz de suportar: o tempo, a perda, a injustiça ou a memória. Dramas românticos bons de verdade não idealizam o sentimento, mas confrontam com a realidade, com o que há de mais humano. A Revista Bula trouxe da Netflix obras que exploram o luto, a esperança e a necessidade de se apegar a algo, ou alguém, quando tudo mais parece desabar. São histórias que convidam o espectador a sentir, a refletir sobre como o amor, mesmo quando fracassa, ainda é forma de sobrevivência.
Nessa lista, filmes que lidam com o que há de mais delicado na experiência humana: vínculos que resistem à distância, à morte ou regras impostas pela sociedade. Esses filmes não forçam o choro, mas mostram como o amor pode ser força e ferida, consolo e castigo. Neles, uma poesia melancólica se expressa nas ausências, nas cartas que nunca chegam, nos reencontros adiados, nas palavras que o tempo sufoca. Esses enredos mesclam ternura e tragédia, explorando não o romantismo ingênuo, mas o amor maduro, consciente de sua impermanência e, ainda assim, disposto a existir.

Em meio à segregação racial e à brutalidade policial dos anos 1970, uma jovem mulher luta para provar a inocência do homem que ama, preso injustamente. Grávida e determinada, ela desafia um sistema que insiste em destruir o que há de puro entre eles. A história se alterna entre o presente, marcado pela desesperança, e o passado, repleto de momentos de ternura e promessas interrompidas. Entre visitas à prisão e planos para o futuro, ela se apoia na família e na fé no amor como última forma de resistência. A narrativa, com ritmo sereno e dolorido, mostra que amar, em certos contextos, é um ato político e, acima de tudo, uma forma de sobreviver.

Após uma tragédia familiar, um jovem nova-iorquino se encontra preso entre o luto e a rebeldia. Sem direção, ele vive dias desordenados até conhecer uma garota marcada por sua própria perda — o assassinato da mãe anos antes. O encontro entre os dois, inicialmente casual, transforma-se em uma relação de cumplicidade e cura mútua. Enquanto ele tenta lidar com o pai distante e a dor que insiste em não passar, ela o ensina a encontrar beleza no cotidiano e a possibilidade de recomeçar. Porém, o amor que nasce entre eles é também uma corrida contra o tempo: a vida, imprevisível e brutal, impõe seu próprio desfecho, deixando uma lembrança impossível de apagar.

Durante a Guerra Civil americana, um soldado ferido decide desertar e empreende uma longa jornada de volta para casa, impulsionado apenas pela lembrança da mulher que deixou para trás. Enquanto ele enfrenta a fome, o frio e a violência de um país em ruínas, ela luta para sobreviver sozinha, transformando a espera em um exercício de fé. Entre cartas que jamais chegam e memórias que se confundem com sonhos, o reencontro torna-se símbolo de tudo o que o amor pode resistir. A travessia é física e emocional: ele busca a paz, ela, a esperança. Quando finalmente se encontram, o tempo já cobrou seu preço, mas o sentimento, ainda que breve, permanece eterno.