A ficção científica é um espelho distorcido da realidade, projetando medos coletivos em cenários aparentemente distantes, mas que no fundo dialogam com ansiedades plausíveis para nossos tempos. Futuros distópicos, experimentos sociais e mundos fragmentados pela tecnologia: o gênero se infiltra no território do suspense para criar histórias que incomodam, confundem, sobretudo, fazem o espectador duvidar da solidez do que o cerca.
Os enredos desses filmes são fascinantes, porque não se trata apenas da grandiosidade visual ou do impacto de suas premissas, porque provocam um desconforto real demais. A paranoia vira parte da trama e o espectador passa a compartilhar da mesma angústia dos personagens. Medo de ser observado, manipulado ou aprisionado por forças invisíveis. Essas narrativas embaralham as linhas que separam o real do imaginário, revelando que o controle político, social ou existencial pode ser uma prisão externa ou um labirinto interno.
A Revista Bula selecionou suspenses no Prime Video que exploram o lado perturbador da ficção científica que extrapolam a diversão. Sua tensão é uma espécie de motor narrativo para reflexões profundas sobre o futuro da humanidade, a alienação e a fragilidade dos vínculos. Essas viagens mentais intensas vão desafiar suas certezas e te fazer encarar a realidade como algo completamente frágil.

Numa pequena cidade pacata, os dias seguem monótonos até que sinais estranhos começam a surgir: relógios param de funcionar, animais desaparecem e o ciclo natural da lua se altera. Logo, os moradores percebem que algo está fora de controle quando mortos começam a sair de suas tumbas, vagando sem rumo e em busca de hábitos que mantinham em vida. Enquanto policiais tentam conter o inexplicável, donos de lojas, agricultores e jovens locais precisam lidar com um mundo que lentamente desmorona, sem que ninguém compreenda as causas dessa anomalia. A ameaça, apesar de grotesca, carrega um tom de apatia e absurdo, revelando uma sociedade paralisada pela rotina e pela incapacidade de agir diante do colapso. Entre resistência improvisada e resignação, os personagens se movem em círculos, como se já estivessem presos a uma espécie de morte em vida.

Um jovem casal decide visitar uma imobiliária em busca da casa ideal e é conduzido a um bairro aparentemente perfeito: ruas idênticas, casas impecáveis e uma atmosfera silenciosa. O que parecia apenas uma visita se transforma em prisão quando eles percebem que não conseguem mais sair do local. Cada tentativa de fuga os leva de volta ao mesmo ponto, como se estivessem presos em um labirinto sem saída. Logo, recebem a tarefa ainda mais estranha: cuidar de uma criança entregue misteriosamente, cuja presença acelera a deterioração psicológica dos dois. O bairro, que deveria simbolizar estabilidade e segurança, torna-se uma armadilha sufocante, onde o tempo se dilui e a rotina esconde uma ameaça invisível. Entre desespero, esgotamento e a perda de identidade, o casal percebe que sua vida foi sequestrada por forças que não compreendem — e das quais talvez jamais escapem.

Durante um jantar entre amigos, uma estranha ocorrência astronômica começa a afetar o que parecia uma noite comum. Pequenas falhas de energia, comportamentos contraditórios e situações inexplicáveis dão início a um quebra-cabeça perturbador: a realidade parece fragmentar-se em versões paralelas, nas quais cada escolha gera consequências distintas. À medida que percebem que não estão sozinhos em sua própria casa, os convidados se veem mergulhados em uma atmosfera paranoica, desconfiando uns dos outros e de si mesmos. O espaço doméstico, antes acolhedor, transforma-se em um labirinto mental onde não há garantias sobre quem é quem. As fronteiras entre confiança e traição, verdade e ilusão, tornam-se tão instáveis quanto o próprio cosmos que os envolve. Em meio ao caos, resta a dúvida: existe realmente uma versão única da realidade ou todas são igualmente possíveis?

No futuro, a Terra tornou-se um planeta devastado, habitado por uma população pobre, doente e abandonada à própria sorte. Enquanto isso, uma estação espacial luxuosa orbita acima da atmosfera, abrigando uma elite que desfruta de conforto, saúde e recursos ilimitados. Um trabalhador comum, exposto a condições brutais de exploração, vê sua vida ameaçada após um acidente que o deixa gravemente debilitado. Sem tempo a perder, embarca em uma missão impossível: invadir a estação e ter acesso à tecnologia que pode salvá-lo. No caminho, enfrenta não apenas as barreiras físicas de segurança, mas também o peso de uma estrutura social construída para excluir e exterminar. Entre implantes mecânicos, confrontos armados e dilemas morais, sua luta individual expõe as feridas de um mundo dividido entre o privilégio de poucos e a condenação de muitos.