Em “A Seita”, dirigido por Jordan Scott e disponível na HBO Max, Eric Bana interpreta Ben Monroe, um psicólogo social estadunidense chamado a investigar um caso excêntrico e nebuloso em Berlim. Recém-separado da esposa, ele recebe a visita da filha adolescente, Mazzy (Sadie Sink), que passa alguns dias na cidade com o pai. A trama gira em torno de mortes coletivas provocadas por uma seita que incentiva o autoextermínio, fundamentada em teorias apocalípticas ligadas ao aquecimento global.
Ben acredita que os seres humanos são sociais por natureza e que devem pertencer a grupos. Ao estudar o culto, ele observa como ele provoca terror silencioso na cidade. Durante a investigação, aproxima-se da detetive Nina (Sylvia Hoeks), o que faz Mazzy se sentir abandonada. Para lidar com a situação, ela procura novos amigos, incluindo Martin (Jonas Dassler), envolvido com um grupo ativista ambiental. A tensão aumenta à medida que Mazzy se aproxima da seita, muitas vezes sem que o próprio pai perceba, criando um contraste entre proteção familiar e sedução de ideologias perigosas.
O roteiro de Jordan Scott e Nicholas Hogg é relativamente simples, mas há pontos fortes. O elenco entrega atuações sólidas, mesmo quando os personagens parecem subdesenvolvidos. Há diálogos que se destacam, como a conversa de Martin com sua tia sobre a importância de equilibrar vida em grupo e conquistas individuais: “nem tudo na vida precisa ser compartilhado”. Essa reflexão confronta a premissa do protagonista e provoca questionamentos sobre autonomia, autenticidade e limites da influência social. O filme nos lembra que, como seres humanos, desejamos pertencer, mas também precisamos de espaço para ouvir nossa própria razão e abraçar a solidão quando necessário.
Além disso, o filme faz uma crítica sutil ao alarmismo ambiental. Mostra como a sociedade projeta responsabilidades sobre indivíduos comuns, enquanto grandes corporações e bilionários seguem intocados. Pouco do que fazemos isoladamente surte efeito prático, e o filme explora como o medo pode ser manipulado em prol de agendas coletivas ou ideológicas.
“A Seita” não é um suspense revolucionário ou inesquecível, mas cumpre seu papel de provocar reflexão. Entre mistério, relações familiares e crítica social, o filme consegue equilibrar tensão e reflexão, lembrando que nem todo terror precisa ser explícito para impactar o espectador.
★★★★★★★★★★