Um conto não é só o que ele diz — é o que ele interrompe. Talvez a forma mais breve da ficção continue sendo, paradoxalmente, a que mais resiste à pressa. Porque não basta contar algo. É preciso fazer algo acontecer. E, se possível, deixar que o silêncio depois disso ecoe como um estalo que não cessa.
O Bula Prêmio de Conto nasce dessa exigência. Inaugura sua trajetória sob o selo dos Bula Prêmios Literários, mas já com identidade própria, inegociável. A proposta é direta: convocar autores que escrevam em língua portuguesa — onde quer que estejam — a enviar contos que não se contentem em entreter. O que se busca não é familiaridade, mas fricção. Narrativas que arranquem o leitor da inércia e produzam o tipo raro de surpresa que não grita, mas desloca. Textos que, ao serem lidos, mudem discretamente o eixo de quem os leu.
A premiação contempla R$ 35 mil divididos entre os dez selecionados, além da publicação das obras finalistas em um e-book especial, distribuído globalmente pelo Kindle Unlimited, da Amazon. A temática é livre — e, talvez por isso, mais exigente. Sem o amparo de um recorte temático, o que se impõe é a força pura da linguagem, o controle de estrutura, a inteligência narrativa. Estilo sem vaidade. Impacto sem afetação.
Não buscamos nomes já consagrados. Isso não é um gesto de filantropia literária — é uma afirmação estética. O lugar do ineditismo é o único de onde pode emergir algo genuinamente imprevisível. Serão privilegiadas obras com alto rigor formal, intensidade emocional e visão singular. Vale o contido e vale o arriscado. Desde que reste algo incômodo, preciso, verdadeiro.
Essa é, portanto, uma chamada para quem desconfia do óbvio e escreve com atenção minuciosa. Para quem vê na ficção curta não uma limitação, mas uma provocação: até onde se pode ir com tão pouco tempo?
Escrever um conto é uma forma de arquitetura instável. É colocar tensão onde se espera leveza. É contar algo e, no processo, revelar algo mais. Acreditamos nisso. E esperamos que você, escritor, acredite também.
O mundo, como está, tem sido suficientemente legível. Talvez agora seja a hora de provocar novas leituras. Ou melhor: novos abalos.
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📅 Até 31 de agosto de 2025
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