Nem toda história de amor é feita para aquecer o coração, algumas aquecem o corpo, provocam desconforto ou até descem pela garganta como um drinque forte demais para ser esquecido. O cinema erótico, quando bem conduzido, transcende a simples exibição de corpos e se torna uma ferramenta poderosa para explorar obsessões, ambições, traumas e desejos inconfessáveis. E a HBO Max, com seu acervo ousado, abriga títulos que ultrapassam o apelo sensual e mergulham em zonas emocionais onde o prazer e a dor andam de mãos dadas. É o tipo de experiência que exige do espectador não apenas curiosidade, mas uma certa coragem.
Não se trata de apelos baratos ou de cenas gratuitas, embora elas existam, o que realmente impressiona é como o erotismo se mistura a outras camadas: a melancolia, o perigo, a loucura, o abandono. A classificação +18 aqui não é apenas um selo indicativo, mas um aviso do que está por vir: narrativas intensas, corpos que se chocam com o mesmo ímpeto com que se afastam, personagens que vivem no limite entre o êxtase e o colapso. A nudez, nesses filmes, não é apenas física, mas emocional, e muitas vezes, devastadora.
Nesta seleção, reunimos três filmes disponíveis na HBO Max que são destinados ao público adulto e que ultrapassam o clichê do “filme picante”. De “O Amor Sangra”, que combina romance lésbico com violência familiar, a “Gia”, um retrato brutal da beleza autodestrutiva de uma supermodelo real, passando por “After: Depois do Desencontro”, onde a paixão tóxica ganha contornos quase viciantes, cada título revela facetas diferentes de um mesmo impulso: o desejo. Prepare-se para suar, de calor, tensão ou desconforto, porque esses filmes definitivamente não foram feitos para deixar ninguém indiferente.

Lou, uma gerente de academia solitária e fechada, vê sua rotina virar de cabeça para baixo quando conhece Jackie, uma fisiculturista carismática de passagem rumo a Las Vegas. O que começa como uma atração intensa se transforma em um caso apaixonado, e perigoso. Jackie logo descobre que Lou esconde uma conexão sombria com o crime organizado, e as duas acabam mergulhadas em uma espiral de violência, obsessão e lealdade cega. O erotismo do filme pulsa nas entrelinhas da tensão física e emocional entre as protagonistas, explorando os limites do corpo, do amor e da sobrevivência. Mais do que um romance queer, é uma bomba de testosterona e afeto reprimido prestes a explodir.

Hardin e Tessa estão mais uma vez separados — desta vez, por um oceano. Enquanto ela tenta reconstruir sua vida, ele se isola em Londres, afundado em frustrações, raiva e memórias tóxicas. Mas o vício entre os dois é mais forte que a distância, e o reencontro não tarda. No entanto, o que parecia uma tentativa de reconciliação se transforma em mais um ciclo de culpa, desejo e autopunição. A relação dos dois é um eterno campo minado, em que a tensão sexual mal disfarça feridas mal cicatrizadas. “After” segue apostando no erotismo juvenil como motor dramático, mas neste capítulo o tom se torna mais sombrio e amargo, como se o prazer já viesse contaminado pela certeza do fracasso.

Baseado na vida real da modelo Gia Carangi, o filme acompanha a ascensão meteórica da jovem na indústria da moda nos anos 1980, e sua igualmente vertiginosa queda. Interpretada por Angelina Jolie em uma das performances mais marcantes de sua carreira, Gia é ao mesmo tempo magnética e vulnerável, incapaz de lidar com o peso da fama, das drogas e das perdas afetivas. Seu relacionamento intenso com a maquiadora Linda funciona como um breve refúgio, mas também acaba corroído por vícios e traumas não resolvidos. O erotismo aqui é cru, emocional e muitas vezes triste, pois revela como o corpo desejado também pode ser palco de destruição. Um retrato nu e sem glamour sobre a beleza como maldição.