Lucy Liu é um rosto bastante conhecido dos anos 2000, tendo estrelado sucessos comerciais, como “As Panteras”, “Kill Bill” e “Chicago”. Mas aqui, em “Presença”, de Steven Soderbergh, ela tem a chance de mostrar um lado mais dramático de sua atuação, embora o tempo de tela não seja tão longo. Com cerca de uma hora e meia de duração, “Presença” parece mais longo que seu tempo devido ao desenvolvimento lento e silencioso da trama. Ainda assim, parece deixar de lado algumas informações que gostaríamos que tivessem sido melhor aprofundadas.
Uma mistura de drama e suspense, o filme de Soderbergh acompanha a família Payne em uma jornada de recomeço após uma tragédia. Eles estão se mudando para uma mansão centenária localizada em algum subúrbio não identificado. Logo na primeira cena já sabemos que a história é contada do ponto de vista de uma entidade espiritual que vive na casa e passa seu tempo espionando os novos moradores. A filha, Chloe (Callina Liang), teve uma experiência recente devastadora. Sua melhor amiga, Nadia, morreu em uma suposta overdose. Ainda traumatizada, Chloe parece mais sensível que o restante da família à presença que mora no lugar.
Sabemos que a mãe, Rebekah (Liu), esteve envolvida em um escândalo financeiro recentemente. No entanto, o assunto nunca é abordado de maneira aprofundada. Ela deixa clara sua preferência pelo filho mais velho, Tyler (Eddy Maday), um atleta promissor na escola. Tyler é um rapaz arrogante e que almeja ascensão social a todo custo. Manter aparências definitivamente é importante na rotina do jovem, que teme que os transtornos emocionais de sua irmã atrapalhem sua popularidade na escola. Em casa, Chloe recebe apoio emocional apenas do pai, Chris (Chris Sullivan), que se preocupa com a atenção exclusiva de Rebekah a Tyler.
A entidade, cujos olhos são a própria câmera, parece ter um certo fascínio por Chloe, indicando ter alguma missão a cumprir com a garota. A visita de uma médium não consegue identificar o espírito. Na verdade, esclarece que o próprio fantasma não sabe quem é e nem ao certo sua missão, mas sabe que há algo que precisa ser feito e que tem relação com Chloe. O suspense slow burn vai se desenvolvendo com quase nenhum jump scare, mas com uma tensão crescente hipnotizante.
“Presença” é um suspense maduro, que não tenta assustar demais e nem ser um sucesso comercial. Ao mesmo tempo, é uma história um pouco subdesenvolvida, mas com um potencial enorme e um enredo inteligente, que reconhece que o mundo espiritual segue uma lógica e uma temporalidade diferente do mundo material e usa isso em seu favor. A personagem de Liu é, sem dúvidas, a cereja do bolo.
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