5 best-sellers brasileiros de ficção que tratam o leitor como se fosse burro

5 best-sellers brasileiros de ficção que tratam o leitor como se fosse burro

Existe um tipo de livro que, em vez de provocar pensamento, oferece consolo pré-formatado. Não consola por afeto, mas por conveniência. São obras que se pretendem literárias, mas operam como catálogo emocional: tudo está ali para ser sentido rapidamente, entendido de imediato e esquecido com igual eficiência. Não há arestas, não há opacidade, não há perigo. Há, sim, uma confiança cega na eficácia da frase bonita — desde que a beleza não exija esforço.

A trama vem pronta, os personagens nascem estereotipados e morrem funcionalmente. Tudo gira em torno de um sentimento hiperexplicado, de uma dor padronizada, de um trauma transformado em enredo como quem monta uma vitrine de tragédias embaladas a vácuo. E o leitor? Ora, o leitor é tratado como quem não pode tropeçar num silêncio, se perder num intervalo, duvidar de um narrador. O leitor é guiado — como criança em shopping.

É curioso (ou não) que tantos desses livros se tornem campeões de venda. Há algo de muito confortável em consumir uma literatura que elimina a incerteza, que oferece exatamente o que se espera, e que nunca tensiona a linguagem — porque tensionar exige risco. E risco, sabemos, não vende bem.

Não se trata de condenar a popularidade — mas de recusar o empobrecimento estético travestido de profundidade. Estes romances têm formato de literatura e textura de algoritmo. São obras que substituem ambiguidade por estrutura, experiência por previsibilidade, linguagem por efeito. No fim, não ofendem por serem ruins — mas por fingirem ser o que não são. E por tratarem a sensibilidade do leitor como se ela precisasse, o tempo inteiro, ser poupada da dúvida.