7 livros que Marlon Brando dizia que todos deveriam ler antes de morrer

7 livros que Marlon Brando dizia que todos deveriam ler antes de morrer

Não se descobre um homem como Marlon Brando nos filmes. É tentador — claro — tentar costurá-lo por suas falas, seus gestos de fúria contida, o magnetismo desmedido com que atravessava a tela. Mas isso é só superfície. A verdade, se é que importa, talvez esteja no que ele buscava quando ninguém olhava. Havia livros em sua cabeceira, sempre. Uns sublinhados com fúria, outros com uma melancolia quase infantil. Palavras que ele não representava — absorvia. Não para parecer culto, mas porque precisava se salvar de alguma coisa que ninguém conseguia ver direito.

Brando não lia por distração. Lia como quem tenta costurar a própria carne. Seus livros falavam de desajuste, de raiva, de beleza impronunciável. Um deles — dizia — salvou sua vida. Outro o deixou em silêncio por dias. Eram títulos escolhidos a dedo, não por modismo, mas por urgência interna. Alguns pareciam preces malfeitas. Outros, confissões alheias que ele lia como se fossem suas. E talvez fossem. Porque Brando não era só um ator. Era um homem em guerra com o mundo — e com ele mesmo. E nessa guerra, a leitura não era um refúgio: era trincheira.

Há, nos livros que o acompanharam, uma espécie de coerência invisível. Não são manuais de atuação, nem ensaios sobre arte. São textos que lidam com o que vem antes e depois da performance: o vazio, o desejo, a culpa, o medo de ser irrelevante. Brando não os recomendava em entrevistas. Falava deles em cartas, em bastidores, quase como quem guarda um segredo que poderia explodir se exposto demais.

Ler o que ele lia não é tentar imitá-lo — é tentar entender o que ele não conseguiu explicar. É entrar num território em que a vaidade se dissolve e sobra apenas a pergunta crua: quem somos quando ninguém está assistindo?

Porque Brando, no fundo, nunca quis ser entendido. Mas queria, desesperadamente, sentir que não estava sozinho.

Carlos Willian Leite

Jornalista especializado em jornalismo cultural e enojornalismo, com foco na análise técnica de vinhos e na cobertura do mercado editorial e audiovisual, especialmente plataformas de streaming. É sócio da Eureka Comunicação, agência de gestão de crises e planejamento estratégico em redes sociais, e fundador da Bula Livros, dedicada à publicação de obras literárias contemporâneas e clássicas.