Adaptado do romance homônimo de Thomas Harris, “O Silêncio dos Inocentes”, marcado pela atuação diabólica de Anthony Hopkins, quase tomou outro rumo. Gene Hackman detinha os direitos autorais e chegou a cogitar dirigir e protagonizar o filme. Depois de alguns impasses, Jonathan Demme foi definido para seguir na batuta, enquanto Hopkins foi o nome escolhido para interpretar Hannibal Lecter.
Às vezes longe do glamour e da nostalgia da Nouvelle Vague ou do cinema de autor, introspectivo, as novíssimas produções da indústria cinematográfica da França tentam dialogar com um país acossado, numa perene crise identitária, espremido entre a valiosa herança de sua Revolução e urgências sociais inescapáveis neste insano século 21. Figuram nesta seleção cincos títulos que deixam claro que os cineastas do maior país da União Europeia não estão para brincadeira. Todos no catálogo da Netflix, esses filmes incutem no espectador perguntas que clamam por respostas, sem abrir mão do refinamento e da graça. Essa onda é forte como a outra.
Casos de desaparecimento costumam começar com silêncio e pressa. A pressa pede critério, mas a família nem sempre confia na espera oficial. Vem então a investigação doméstica, feita de senhas, registros e mensagens que mudam de sentido a cada nova pista. O suspense não está só no perigo físico, mas no que se revela sobre quem julgávamos conhecer. Em um thriller contado por telas e notificações, o roteiro transforma tarefas banais em decisões de alto risco e expõe o preço de errar na leitura de sinais.
A expectativa de assistir a um retrato completo da vida de Harriet Tubman costuma iludir quem exige que cada detalhe biográfico seja respeitado como se a narrativa estivesse diante de um tribunal historiográfico. Tubman ultrapassou qualquer moldura possível: sua trajetória resiste a reduções, simplificações e, sobretudo, ao consumo rápido de quem olha para o filme apenas para apontar desvios factuais.
A nostalgia costuma ser uma péssima conselheira. Ela promete reencontros catárticos com nossos heróis de infância e, quando a luz da sala de cinema se acende, revela apenas o rastro de uma memória traída. Com “Os Cavaleiros do Zodíaco – Saint Seiya: O Começo”, Hollywood resolveu convocar deuses e cosmos para entregar… helicópteros militares, tiroteios e armaduras que parecem ter saído de um desfile futurista patrocinado por uma marca de suplementos energéticos.
