Bula conteúdo

5 autores que foram cancelados antes da era do cancelamento

5 autores que foram cancelados antes da era do cancelamento

Antes do termo “cancelamento” ganhar trending topics, havia o silêncio. Escritores já eram retirados do cânone, ignorados nos corredores acadêmicos ou relegados ao rodapé das edições críticas. Este texto percorre cinco nomes cuja presença na literatura resiste, mesmo quando sua biografia desafia o leitor. Lovecraft, Céline, Bukowski, Pound e Wilde — figuras atravessadas por contextos, escolhas e contradições. Aqui, não há absolvição nem condena. Há leitura, escuta, retorno. Porque compreender o que permanece, mesmo sob a poeira, é também compreender o tempo que ainda pulsa. E a literatura, mesmo em conflito, continua a escrever o que não cabe no esquecimento.

A Influencer, o Bacon e os Dez Mil Platôs: o experimento filosófico de Rafa Kahliman

A Influencer, o Bacon e os Dez Mil Platôs: o experimento filosófico de Rafa Kahliman

Quando Rafa Kahliman investe dez mil reais em livros de decoração, o universo literário não apenas reage — ele delira. Entre catálogos gastronômicos e citações filosóficas, emerge uma figura que mistura empirismo, estética e humor refinado. Esse texto mergulha na performance de uma leitora que desafia as convenções, flerta com o metairônico e transforma a compra de livros em manifesto. De Deleuze a Bacon, dos sapatos azuis ao closet, tudo é intencional. Prepare-se para rir, pensar e, quem sabe, desejar seus próprios dez mil platôs.

Ele reinventou a poesia aos 16, abandonou tudo aos 20, traficou armas na África e morreu anônimo aos 37

Ele reinventou a poesia aos 16, abandonou tudo aos 20, traficou armas na África e morreu anônimo aos 37

Arthur Rimbaud incendiou a poesia francesa ainda adolescente e abandonou a literatura aos vinte, como quem rejeita a própria glória. Nos anos seguintes, atravessou desertos, negociou armas, lidou com sultões e comerciantes de marfim. Sua trajetória oscila entre o êxtase visionário e a dureza colonial. Este ensaio acompanha essa metamorfose brutal: do poeta que queria explodir o verbo ao homem que se calou diante da linguagem. Rimbaud não se contradiz — rompe. E ao desaparecer, transforma o silêncio em gesto extremo. Não há redenção. Não há legado pacificado. Só ruína, recusa e uma ausência que ainda fere.

A escritora brasileira que foi chamada de louca e internada em hospícios por desafiar o que era esperado de uma mulher

A escritora brasileira que foi chamada de louca e internada em hospícios por desafiar o que era esperado de uma mulher

Maura Lopes Cançado viveu no limite entre lucidez e loucura, escrevendo desde os porões dos hospícios em que foi confinada. Autora de apenas dois livros, a escritora mineira chocou a sociedade brasileira dos anos 1950 e 1960 com textos radicais sobre sexualidade, psiquiatria e liberdade feminina. Admirada por intelectuais e renegada pela crítica, Maura viveu cercada por escândalos e tragédias pessoais, até cair no esquecimento por décadas. Hoje, sua obra retorna às livrarias como testemunho essencial de uma mulher que ousou transformar a literatura num ato definitivo de resistência.

O homem que escreveu um livro inteiro piscando o olho esquerdo enquanto seu corpo morria

O homem que escreveu um livro inteiro piscando o olho esquerdo enquanto seu corpo morria

Jean-Dominique Bauby sofreu um AVC e perdeu quase todos os movimentos, exceto o de uma única pálpebra. Com ela, escreveu letra por letra o livro “O Escafandro e a Borboleta”, recusando a piedade e transformando o silêncio em forma. Ditado com o olho esquerdo, o livro narra sua lucidez, desejo e humor intactos. A escrita, feita à beira da imobilidade absoluta, é mais do que testemunho: é estrutura. Uma piscada por vez, Bauby desafiou a própria extinção. Não escreveu para inspirar, escreveu para continuar existindo.