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Spinoza matou Deus antes de Nietzsche — e ninguém percebeu

Spinoza matou Deus antes de Nietzsche — e ninguém percebeu

Ao redefinir a ideia de um ser transcendental e tudo o que há por trás disso, Baruch Spinoza (1632-1677) não apenas dissolveu a imagem tradicional de um Deus metafísico, antropomórfico e inalcançável, como inaugurou uma revolução filosófica que só mais tarde seria percebida em sua toda a sua complexidade. Nesse sentido, e possível afirmar que Spinoza matou Deus duzentos anos à frente de Nietzsche, e ninguém se deu conta.

Kafka escreveu sobre 2025 em 1915

Kafka escreveu sobre 2025 em 1915

Havia uma maçã apodrecendo numa gaveta trancada. Ninguém sabia que ela estava lá, e mesmo assim o cheiro atravessava o quarto, entrava pelas frestas das janelas, grudava no tecido das cortinas. Franz Kafka escreveu “O Processo” em 1915 como quem tivesse olhado por um rasgo no tecido da década errada. Não era um livro sobre um tempo, mas sobre a estrutura do tempo, uma arquitetura absurda que se monta sozinha, cada parede erguida por equívoco, cada escada apontando para um tribunal que talvez nem exista. Josef K. não é um personagem. É um aviso. Ou melhor, uma antecipação.

A ética da lacração: os fins justificam os likes?

A ética da lacração: os fins justificam os likes?

As redes sociais viraram arenas públicas e os discursos histriônicos que substituem o pensamento crítico pela busca de aprovação, tridentes afiados. Em busca do engajamento e dos tão necessários likes vale tudo. A curtida é a meta que se persegue com fervor, o que desencadeia uma espiral de uma violência a princípio silenciosa, mas que ganha corpo. Quem tira vantagem da lacração? Esta é uma pergunta retórica, claro.

De Austen a Woolf: a escalação definitiva das 11 maiores escritoras da história da literatura

De Austen a Woolf: a escalação definitiva das 11 maiores escritoras da história da literatura

As maiores escritoras da história da literatura não escreveram apenas livros. Elas mudaram a forma como o mundo pensa, lê e respira linguagem. Neste campo simbólico, onde a frase é também gesto e deslocamento, reunimos onze autoras cuja obra fundou estilos, abriu caminhos e redesenhou fronteiras. Cada uma delas joga numa posição única, porque nenhuma delas escreveu de forma repetível. O que segue não é uma lista, nem um ranking. É um time. Uma escalação tática e simbólica das vozes que sustentam a linguagem como quem sustenta o mundo. Palavras que não se aposentam. Jogadoras que nunca saíram de campo.

A livraria onde os livros ficam em banheiras e gôndolas para não afundar — e ela existe mesmo

A livraria onde os livros ficam em banheiras e gôndolas para não afundar — e ela existe mesmo

Num beco úmido de Veneza, onde o mar invade as páginas e a memória corre risco de afogamento, sobrevive a Libreria Acqua Alta. Uma livraria feita de banheiras, gatos e resistência. Criada por Luigi Frizzo, ela não apenas vende livros: desafia o tempo, o turismo e a lógica de mercado. Um espaço onde volumes manchados flutuam como relíquias e o improviso vira arquitetura. Entre a cheia e o esquecimento, o lugar transforma ruína em símbolo. Uma crônica de papel que ainda resiste a desaparecer.