Um grupo de mulheres católicas de Dublin reconhece o sagrado no vínculo que mantêm, e assim “O Clube dos Milagres” vai tomando forma. O irlandês Thaddeus O’Sullivan prima pela delicadeza, num registro sobretudo humano de pequenezas e ressentimentos que custam a desaparecer, insinuando que talvez haja algum assunto nebuloso para vir à superfície.
Poucos filmes começam tão bem e terminam tão perdidos quanto “Extermínio: A Evolução”. O primeiro ato é uma paulada: a câmera nervosa, os planos sujos, aquele caos suado e instintivo que a gente reconhece de longe. Há uma brutalidade elegante ali, uma sensação de que o mundo acabou, mas a direção ainda tem algo a dizer sobre o que resta. O cenário é devastador, a tensão é palpável, e os infectados voltam a ser o que deveriam ser desde o início: o espelho distorcido da nossa própria raiva.
Alguns filmes não pedem aplausos, pedem um abraço. “Caramelo” é exatamente esse tipo de experiência: uma história que chega de mansinho, se acomoda no peito e, quando você percebe, já está com os olhos marejados e um sorriso besta no rosto. O longa conta a trajetória de Pedro, um chef de cozinha que vê a vida parar bruscamente depois de um diagnóstico devastador. No meio do caos, surge um cachorro vira-lata cor de caramelo que, sem pedir licença, vira companheiro, terapeuta e, por que não, guia espiritual.
Adolescência costuma ser narrada como comédia nostálgica ou drama pedagógico. A história aqui mira outro lugar: a intimidade de um garoto em luto, a força de amizades construídas à margem e a busca por pertencimento num ambiente que cobra performance constante. Com olhar atento para a saúde emocional, a obra aposta na escuta e no detalhe. O roteiro evita lições prontas, confia no elenco e transforma pequenas decisões em mudanças de rota. O resultado entrega um retrato sensível de passagem, sem atalhos fáceis nem cinismo.
Sem recorrer a grandiloquência, “Lembranças” observa famílias em desalinho e jovens que tentam redefinir limites após traumas. A narrativa acompanha decisões que reorientam metas pessoais e cobram custo imediato, sempre com efeito claro sobre confiança e pertencimento. A direção prioriza relações e prazos que apertam o conflito, enquanto a técnica atua para marcar ritmo e foco, sem desviar do essencial. O resultado é um drama centrado em ações verificáveis: cada gesto aproxima ou separa, encurta ou prolonga distâncias, e impõe responsabilidade concreta a quem deseja mudar.
