O filme que todo mundo viu nos anos 80, esqueceu que existia, e agora está na Netflix Divulgação / Columbia Pictures

O filme que todo mundo viu nos anos 80, esqueceu que existia, e agora está na Netflix

O que se via ali não era o futuro. Era uma lembrança disfarçada de promessa. Aquele tipo de ficção que não empurra para o depois, mas puxa para o antes. Uma cidade exausta, um helicóptero impaciente, um olhar treinado demais para ser apenas curiosidade. E o som, sempre o som, latejando por trás das paredes, atravessando portas, monitorando respirações. Havia, naquela paisagem granítica de concreto e paranoia, um espaço entre o que se via e o que se sabia. E ninguém parecia disposto a ocupar esse intervalo. A tela se abria, sim, mas era para dentro. E ninguém tinha a chave.

A escritora brasileira que foi chamada de louca e internada em hospícios por desafiar o que era esperado de uma mulher

A escritora brasileira que foi chamada de louca e internada em hospícios por desafiar o que era esperado de uma mulher

Maura Lopes Cançado viveu no limite entre lucidez e loucura, escrevendo desde os porões dos hospícios em que foi confinada. Autora de apenas dois livros, a escritora mineira chocou a sociedade brasileira dos anos 1950 e 1960 com textos radicais sobre sexualidade, psiquiatria e liberdade feminina. Admirada por intelectuais e renegada pela crítica, Maura viveu cercada por escândalos e tragédias pessoais, até cair no esquecimento por décadas. Hoje, sua obra retorna às livrarias como testemunho essencial de uma mulher que ousou transformar a literatura num ato definitivo de resistência.

7 filmes da HBO Max que você realmente deveria assistir Divulgação / Warner Bros.

7 filmes da HBO Max que você realmente deveria assistir

Entre novidades passageiras e apostas esquecíveis, ainda existem filmes que resistem ao tempo e ao ruído do catálogo. Nem todos estão no topo dos algoritmos, mas seguem sendo relevantes por mérito próprio. A HBO Max reúne produções que, mesmo longe do circuito mais comentado, mantêm consistência, densidade e impacto. Algumas foram aclamadas, outras passaram discretamente. Mas todas têm algo que justifica a atenção. Neste conjunto, estão histórias de crime, perda, redenção, isolamento e escolha. E cada uma delas encontra uma maneira direta de permanecer relevante.

E a bunda eslovena?

E a bunda eslovena?

Só nós temos bunda. É algo que nos ensina o sabido professor Caetano Galindo em seu saborosíssimo livro “Na Ponta da Língua — O Nosso Português da Cabeça aos Pés”. Ele explica que a gostosa palavra brasileira não encontra parentes nas outras línguas latinas, tampouco se repete nos demais países lusófonos, porque é resultado da miscigenação linguística — aqui estou dizendo com as minhas palavras, então se a expressão for inadequada a culpa é minha e não do Galindo. A bunda, portanto, é produto do caldo cultural, social e étnico que deu na nossa nação.

A história de amor mais contida e devastadora de Jane Austen está na Netflix: Razão e Sensibilidade Divulgação / Columbia Pictures

A história de amor mais contida e devastadora de Jane Austen está na Netflix: Razão e Sensibilidade

Há uma contenção que define o espírito de “Razão e Sensibilidade”, tanto no romance original de Jane Austen quanto na adaptação cinematográfica de Ang Lee. Uma elegância não no sentido estético convencional, mas como escolha ética e formal. O filme se abstém de excessos: evita discursos inflamados, evita sentimentalismos fáceis, evita mesmo a ideia de redenção dramática. Prefere acompanhar, com minúcia e paciência, a erosão de uma família condenada a reorganizar sua dignidade em silêncio.