Ler era viver antes de viver
Antevi sucesso, aplausos, o Nobel, conversinhas ao pé do ouvido com Vargas Llosa e Philip Roth. Eu seria íntimo de Alice Munro e confidente de Margaret Atwood; com ar impaciente, escreveria roteiros para cinema na minha casa à beira do Lago di Garda. Era, assim cri, o caminho natural desde que numa tarde preguiçosa, quando eu tinha menos de 15 anos (sim, antes de Cristo), lendo um livro qualquer no cômodo que mencionei da nossa casa de família, olhei vagamente para as estantes repletas e ali, a las cinco en punto de la tarde daquele dia modorrento, pensei adivinhar, com o peso esmagador das grandes visões, o resto da minha vida.