Autor: J.C. Guimarães

A obra-prima de García Márquez que ficou à sombra de Cem Anos de Solidão

A obra-prima de García Márquez que ficou à sombra de Cem Anos de Solidão

Se o “O Amor nos Tempos do Cólera” possui menos crédito do que “Cem Anos de Solidão”, é porque aprendemos a esperar do escritor colombiano histórias recheadas de coisas absurdas, como fizera naquela obra em que criara certamente mais dificuldades para seus leitores. A dupla latino-americano formada por Mário Vargas Llosa e Gabriel García Márquez anunciava-se ao mundo no final dos anos 1960, e o último exporia uma nova faceta do realismo mágico-fantástico iniciado por Alejo Carpentier e Jorge Luis Borges em décadas anteriores.

O livro agonizante e visceral de J. M. Coetzee

O livro agonizante e visceral de J. M. Coetzee

Entende-se perfeitamente por que J. M. Coetzee ganhou o Prêmio Nobel de literatura. Sua prosa é a mais límpida que se possa imaginar: frases curtas e precisas, vocabulário simples, discurso direto e gosto pelo verbo, com o frescor da conjugação no tempo presente. A consciência martela o tempo todo, mas a ação é constante como nos romances de aventura.

A influência de Cervantes sobre Machado de Assis

A influência de Cervantes sobre Machado de Assis

Nunca me decidi inteiramente entre Machado de Assis e Guimarães Rosa, e há nisto, mais que senso crítico, muito de tendência espiritual. Rosa — da família de titãs de Melville e Tolstói — concede a esperança que jamais contaminou a alma sobrecarregada do escritor fluminense, conhecido pelo pessimismo. O critério assim exposto, da idiossincrasia do leitor, não é inadmissível à luz da teoria da literatura.

Graciliano Ramos e Machado de Assis: adições e subtrações

Graciliano Ramos e Machado de Assis: adições e subtrações

A escrita de Graciliano Ramos, pessoalíssima, muito pouco tem a ver com a elegância de Machado. Em “Origens e Fins”, Carpeaux definiu o estilo do maior romancista da Geração de 1930 como poeticamente clássico, a trair um “oculto passado parnasiano”. É lícito reconhecer que o gênio de Graciliano conseguiu uma síntese aparentemente impossível, a subverter de certo modo o didatismo das classificações e o aparente domínio da matéria expressiva pelos críticos e estudiosos.

Explicando a inexplicável arte pós-moderna Jeff Koons

Explicando a inexplicável arte pós-moderna

Exposição de arte, hoje em dia, parece feira de bugigangas. Citemos o exemplo de uma das mais influentes do mundo: a Feira de Artes de Basel, na Suíça. É a última referência em matéria de “tendências”. Na verdade, lá você encontra literalmente de tudo, sob a chancela da arte: objetos do cotidiano, itens de decoração, projetos, maquetes, gerigonças e, até, arroz com feijão: desenhos, pinturas e esculturas. Neste sentido, é quase como entrar nas lojas da Leroy Merlin.