Autor: Giancarlo Galdino

Filmes de ação não primam exatamente pela coerência. A inclusão de subtramas sérias, voltadas à elaboração de algum tema urgente, fundamental para o esclarecimento de questões sobre determinado personagem, logo cedem lugar a um sem fim de sequências em que o arrebatamento da violência destemperada suga por completo a energia de qualquer outra possibilidade narrativa por se insinuar, o que desemboca em duas conjunturas: ou o filme é tão bom que não precisa de mais nada, ou é tão ruim que não pode mesmo alçar voos mais elevados e se contenta em repisar lugares-comuns.

Loucura e solidão são irmãs siamesas. Não é exatamente fácil determinar quando a necessidade de se poder contar com alguém, de se ter alguém, começa a interferir no poder que todos temos de vivermos bem, a despeito do mundo ao redor. Estar em paz consigo é o primeiro passo para manter sãos a mente e o espírito, ou curá-los, se o mal já está instalado. Passado quase um quarto de século, “Garota, Interrompida” continua atual ao discorrer sobre o que é psicopatologia ou um mal de ordem diversa, mérito do diretor, James Mangold, e de um elenco que ainda chegaria muito mais longe.

À semelhança de qualquer relação humana, casamentos podem ser muito felizes, mas também estão sujeitos ao fracasso. Quando isso acontece, não há sofrimento que se compare ao dos filhos, mas, por óbvio, também existem aqueles casos em que um dos ex-cônjuges mostra-se especialmente abalado, não porque sem o grande amor de sua vida, e sim por completamente falto de seus referenciais. O personagem-título de “Belmonte”, do uruguaio Federico Veiroj, está nesse momento delicado da vida, como numa travessia suspensa em que qualquer deslize pode redundar em tragédia. Mas ainda lhe resta uma esperança.

De um roteiro aparentemente banal, Martin Scorsese fez um clássico e quase meio século depois, “Taxi Driver” continua a arrebatar público e crítica, aquele, enfeitiçado pelas emoções contraditórias da história; esta, sempre pega no contrapé, obrigada a dizer alguma coisa que lhe escapara sobre um dos filmes mais simbólicos do que é um bom enredo, tão fundamental que se confunde com a história mesma do cinema.

Os horrores do nazismo parecem intermináveis. Esses fenômenos históricos, espantosamente complexos, demandam olhar acurado, a fim de se evitar as possíveis incorreções, e tanto pior se envolvem personagens que, passadas mais de sete décadas, permanecem um enigma para o público leigo. É o caso de Dries Riphagen, ex-marinheiro holandês que fez fortuna de um jeito nada óbvio e de vileza inestimável ao colaborar com a Alemanha hitlerista, alvo da cinebiografia “Riphagen”, do diretor Pieter Kuijpers.