Autor: Giancarlo Galdino

Um motorista da máfia, negro, assume os negócios do patrão e se torna o rei da heroína na Nova York da década de 1970 — até começar a ser caçado por um policial que ama seu ofício. “O Gângster” é um filme denso, caudaloso, exigente em suas mais de duas horas e meia, mas quem vence a provação do tempo ganha como recompensa uma história que reverbera os conceitos de oportunismo, hipocrisia e justiça.

Um presidiário chamado Cain encerra grande carga de simbolismo em torno de sua triste figura. Autorizado a deixar a cadeia para visitar a mãe, morrendo de câncer no pâncreas, Cain não chega a tempo de encontrá-la viva, mas vai aproveitar a oportunidade para colocar em marcha um plano de vingança tão meticuloso quanto cheio de fúria. “Implacável” faz justiça ao título e se vale desse homem, a própria encarnação da mudança, para elaborar ideias como determinação e desajuste social, ingredientes explosivos que fermentam em almas encarceradas.

A adolescência, definitivamente, é o inferno astral da humanidade por excelência — e a indústria cultural o sabe perfeitamente. De um ano para o outro, a sensação que o público leigo tem é que pululam os filmes sobre garotos e garotas implicados nos problemas típicos dessa fase da vida, por sua própria culpa ou como se empurrados, pelas circunstâncias, por decisões equivocadas, companhias duvidosas ou tudo isso embolado.

Contrariando todas as previsões, um traficante cauteloso, paciente e de ambições modestas chega ao topo (ou o lugar que elegeu como o topo) razoavelmente limpo, até que, talvez como ultimato, recebe a missão que pode fazer o planejamento de toda uma vida escorrer por entre os dedos. É por aí que segue “Nem Tudo é o que Parece”, em que o diretor Matthew Vaughn tece os conflitos com que esse funcionário padrão da máfia terá de se ver até que consiga livrar-se do encargo e partir para outra.

Hollywood tem histórias que a própria Hollywood desconhece, e boa parte delas é protagonizada por mulheres bonitas, fortes e que, por acaso, também estrelavam as grandes produções do cinema. Dentre todas elas, talvez Jean Seberg seja uma das menos conhecidas, e o resgate de sua memória, num tempo em que conflitos interraciais continuam a ser um problema estrutural de uma das maiores democracias do mundo, é urgente.