Autor: Giancarlo Galdino

O amor, o verdadeiro amor deveria resistir a tudo. Talvez seja por isso que o romance de dois adolescentes moderninhos acabe de um jeito tão melancólico e vá cada um tratar da própria vida, quando poderiam seguir juntos. O diretor Michael Lewen aproveita a premissa do amor como um desencontro permanente para fazer de “Olá, Adeus e Tudo Mais” uma crônica das relações líquidas, conceito também explorado por pensadores contemporâneos.

Um protagonista de caráter dúbio, rodeado de inimigos e amizades que não resistiriam a um baque qualquer, se esmera em assistir o pai doente, enquanto o mundo ao redor apresenta sintomas incontestáveis de deterioração. O argumento central de “O Mistério de Block Island” se destaca pelas subtramas cujos arcos parecem nunca se fechar, estratagema dos irmãos Kevin e Matthew McManus a fim de confundir o público e enredá-lo numa história que vai e vem entre diversos núcleos.

Depois de uma viagem, tudo o que se quer é poder voltar para casa, com a certeza de reencontrar tudo no lugar em que sempre esteve. Esse prazer tão básico é negado a um casal de classe média francês — uma mulher branca e seu marido, negro —, que se deparam com o pior dos cenários no thriller psicológico “Estranhos em Casa”, de Olivier Abbou, que aproveita uma história de terror para se estender sobre outros medos.

Casamentos arruinados, esposas subjugadas por seus maridos, costumes que reprimem manifestações públicas de carinho, autoridades omissas e preconceituosas. A Índia caminha para o novo, mas não consegue ver-se livre de tradições que aprisionam a mulher no calabouço frio e escuro do desprezo a sua própria individualidade, como registram os diretores hindus Zoya Akhtar, Anurag Kashyap, Dibakar Banerjee e Karan Johar em “Quatro Histórias de Desejo”.

Numa fazenda arruinada no sul da França, uma mãe solteira sustenta seus dois filhos criando gafanhotos como fonte de proteína a fim de tentar fugir da bancarrota. Fortuitamente, ela descobre uma maneira para fazer sua produção aumentar e a partir daí, o francês Just Philippot elabora o argumento assombrosamente inventivo de “A Nuvem”, com que projeta o cinema de seu país para além do óbvio.