Autor: Giancarlo Galdino

Na Netflix: ela perdeu o marido. Ele ganhou o coração dele. O que acontece depois vai te desmontar Divulgação / Netflix

Na Netflix: ela perdeu o marido. Ele ganhou o coração dele. O que acontece depois vai te desmontar

Solidão, trapaças do destino, inseguranças da meia-idade, amores insólitos e extasiantes: há um pouco de tudo isso em “Coração Delator”, que não tem nenhuma relação com o conto de Edgar Allan Poe (1809-1849), adaptado por Ted Parmelee (1912-1964) em 1953. Em seu novo trabalho, o argentino Marcos Carnevale continua a tratar de assuntos delicados, ainda que menos herméticos que os esgrimidos em “Anita” (2009) e “Goyo” (2024) — e sem a mesma desenvoltura também.

Os 10 maiores filmes filosóficos da história do cinema Divulgação / Fox Searchlight Pictures

Os 10 maiores filmes filosóficos da história do cinema

Desde que surgiu, no final do século 19, o cinema tem sido uma das manifestações artísticas mais poderosas do gênero humano, e uma de suas primas mais velhas não fica atrás. No século 6 a.C., a filosofia já tentava dar ao homem alguma explicação para as muitas irrequietudes de sua alma, imiscuindo-se em todos os assuntos que nos interessam, grandes ou pequenos, insignes ou prosaicos. Dez produções figuram nessa lista como ocasiões mágicas em que a beleza do cinema encontra a urgência intelectual da filosofia e suas atormentações libertadoras. E não pode haver nada mais estimulante que a harmonia perfeita, a da forma com o conteúdo.

O melhor suspense que você verá neste fim de semana acaba de estrear na Netflix Divulgação / Netflix

O melhor suspense que você verá neste fim de semana acaba de estrear na Netflix

Há muitas camadas em “O Jogo da Viúva” — um casamento fracassado; uma mulher jovem, bonita e ambiciosa procurando aventuras, prazeres, e realizações; um homem de meia idade carente, cheio de tédio e propenso a alimentar fantasias pueris —, todas apontando para uma tragédia. Enquanto ela não vem, o diretor Carlos Sedes descortina as muitas faces da hipocrisia, misturando as tantas contradições do amor e dos elementos que a compõem à desfaçatez mais perversa, de modo a deixar o espectador a um só tempo confuso e excitado.

A maioria dos autores brasileiros contemporâneos escreve para agradar editora, não para dizer algo

A maioria dos autores brasileiros contemporâneos escreve para agradar editora, não para dizer algo

A literatura talvez seja a manifestação artística que mais revela-nos os mistérios de nossa humana e miserável natureza. No entanto, parece que certos escritores resolveram ignorar essa função vital de seu ofício e seu potencial revolucionário para apenas corresponder às exigências do mercado editorial e fazer dinheiro. Uma cosmiatria literária toma o lugar de livros autênticos, relevantes, incômodos, num país de poucos e maus leitores. Não é “a” explicação para o problema exposto neste artigo, mas é, sim, uma explicação bastante plausível.

Esse livro tem menos de 200 páginas e mais socos emocionais que uma série inteira

Esse livro tem menos de 200 páginas e mais socos emocionais que uma série inteira

Em “História da Loucura” (1961), Michel Foucault (1926-1984) argumenta que só foi possível estabelecer a diferença entre razão e insânia por meio de uma análise bastante detalhada do comportamento humano. Oito décadas anos antes de Foucault, Machado de Assis (1839-1908) soube enxergar com fina argúcia os riscos da intolerância no que toca ao dédalo de teorias acerca da mente do homem. Com humor ácido, ironia refinada e batendo forte na hipocrisia, O Bruxo do Cosme Velho discute em “O Alienista” (1882) o que de fato vem a ser razão e loucura e em que medida a ciência deve ser responsabilizada no estigma e na anatematização daqueles que não se enquadram nos modelos estipulados pela sociedade.