Autor: Giancarlo Galdino

Um homem que amargou uma temporada na cadeia seria o primeiro a se municiar dos mais variados estímulos para se conservar longe de problemas, lembrar-se de todo o inferno pelo qual passou e se empenhar em ter uma outra vida. O personagem central de “Wheelman” (2017) retorna ao ponto em que parara na escala da marginalidade social certo de que um ou outro trabalhinho para maiores gangues da América não serão o bastante para mandá-lo de volta ao cárcere, até que começa a ser caçado por bandidos dos piores coturnos por supostamente ter tentado dar um cavalo de pau no plano que lhe foi apresentado e se aproveitar de duzentos mil dólares da venda de um lote de droga.

Catalina Aguilar Mastretta é um dos exemplos da novíssima safra de diretoras latinas que parecem fazer do cinema um excelente meio para que se esmiúcem dramas familiares, sobretudo os que fundam-se em tabus cheios de rincões escuros como a maternidade. Refervem no caldeirão de seu “As Horas Contigo” alguns dos grandes temas da vida, em especial aqueles que podem levar uma pessoa comum até as raias da loucura, ao menos em se tomando por padrão a questionável sanidade que define as conexões humanas mais superficiais.

Dispondo de um orçamento nababesco, elenco afinado e uma história que consegue se manter de pé a despeito de incoerências pontuais, Gary Ross faz de “Jogos Vorazes” o princípio de uma saga que se desdobra em mais três filmes, grande parte mérito de uma estrela aplicada, que já dava sinais evidentes de que iria muito longe.