Autor: Fernando Machado

O maior faroeste existencialista da história do cinema está no Prime Video — e não tem herói, redenção ou trilha sonora Divulgação / Miramax Films

O maior faroeste existencialista da história do cinema está no Prime Video — e não tem herói, redenção ou trilha sonora

Num deserto onde até o silêncio parece armado, três homens seguem destinos cruzados por dinheiro, desespero e morte. “Onde os Fracos Não Têm Vez” é mais que um thriller de perseguição: é uma parábola sombria sobre a erosão da moral num mundo onde a violência já não pede justificativas. Os irmãos Coen traduzem McCarthy em cinema seco, implacável, assombrosamente lúcido e carregado de presságios viscerais.

O filme que Jessica Lange se arrepende de ter feito, na Netflix Divulgação / Columbia TriStar

O filme que Jessica Lange se arrepende de ter feito, na Netflix

A espinha dorsal da narrativa é o vínculo doentio entre Martha, uma viúva que camufla seus delírios sob véus de religiosidade e moralidade sulista, e seu filho Jackson, um homem cuja passividade revela não maturidade, mas paralisia emocional. A presença de Helen — jovem órfã e sedenta por pertencimento — desestabiliza esse ecossistema incestuoso não apenas por ser uma intrusa, mas por ameaçar romper com o pacto silencioso que mantém essa estrutura disfuncional em funcionamento.

Se há um filme na Netflix que todos deveriam assistir, é a joia silenciosa de Charlotte Wells — delicada, profunda e impossível de esquecer Divulgação / Charades

Se há um filme na Netflix que todos deveriam assistir, é a joia silenciosa de Charlotte Wells — delicada, profunda e impossível de esquecer

“Aftersun” mergulha com delicadeza nas brechas da memória, onde o afeto convive com a ausência e o cotidiano oculta dores profundas. Em férias fugazes entre pai e filha, o filme articula uma narrativa silenciosa e devastadora sobre o que escapa à compreensão infantil, mas se fixa no corpo adulto como cicatriz. Charlotte Wells constrói um retrato sensível daquilo que só o tempo revela por inteiro.

Jim Caviezel, Olivier Martinez e James Faulkner: filme na Netflix é escola de resiliência e fé Divulgação / Mandalay Pictures

Jim Caviezel, Olivier Martinez e James Faulkner: filme na Netflix é escola de resiliência e fé

“Paulo, Apóstolo de Cristo” não embarca na tradicional jornada do herói ou de oferecer um retrato glorificado do apóstolo como mártir triunfante, o filme desarma expectativas ao adotar uma abordagem introspectiva e rigorosamente minimalista. É nesse despojamento estético e narrativo que mora sua força singular. A história, ambientada nos dias sombrios que antecedem a execução de Paulo sob a tirania de Nero, evita apelos sentimentais fáceis ou gestos grandiosos.

Você pode até zombar de Nicolas Cage — mas esse filme vai sair da Netflix antes que você descubra que ele ainda tem bala na agulha Divulgação / Splendid Film

Você pode até zombar de Nicolas Cage — mas esse filme vai sair da Netflix antes que você descubra que ele ainda tem bala na agulha

Um ex-criminoso sai da prisão após vinte anos, tomado por dois impulsos inconciliáveis: reencontrar o filho e executar uma vingança há muito ensaiada. Mas o que parece ser um thriller de retaliação logo se transforma em um mergulho tortuoso na mente de um homem devastado pela insônia, pelos delírios e pela sensação de que a vida seguiu sem lhe deixar lugar — restando-lhe apenas o vazio, a culpa e uma liberdade que já não liberta.