Autor: Fernando Machado

Blockbuster épico volta a viralizar graças à Netflix e revela um cinema que Hollywood não faz mais Divulgação / Warner Bros.

Blockbuster épico volta a viralizar graças à Netflix e revela um cinema que Hollywood não faz mais

“Troia” retorna ao centro das atenções como um daqueles movimentos curiosos do imaginário coletivo, em que um filme já conhecido e discutido ganha novo fôlego e provoca um olhar renovado sobre sua própria existência. A revisita ao épico deixa evidente o contraste entre a ambição técnica do início dos anos 2000 e a lógica contemporânea dos grandes estúdios, agora mais inclinados ao serialismo, às franquias intermináveis e ao cálculo seguro de bilheteria. O longa, ao contrário, aposta no gigantismo como linguagem e encontra no excesso sua própria identidade, reconhecendo que a grandiosidade pode funcionar não apenas como forma, mas como substância narrativa.

Suspense com Ian McKellen desembarca na Netflix e desafia o espectador a acompanhar suas viradas Divulgação / BRON Studios

Suspense com Ian McKellen desembarca na Netflix e desafia o espectador a acompanhar suas viradas

“A Grande Mentira” parte de uma premissa simples: a confiança, quando manipulada, transforma-se em arma de longo alcance. O filme constrói seu percurso apoiado na figura de Roy Courtnay, cuja experiência em enganar revela mais do que esperteza; traduz um tipo específico de inteligência que prospera onde a ética perde densidade. A narrativa dedica seus primeiros movimentos a mapear esse terreno, investindo na relação entre o vigarista e a viúva Betty McLeish, que se torna, aos poucos, o centro de um jogo menos previsível do que parece.

No Prime Video: um dos filmes mais lúcidos sobre violência organizada e interesses de Estado Divulgação / Ascendant Pictures

No Prime Video: um dos filmes mais lúcidos sobre violência organizada e interesses de Estado

A fronteira moral de um traficante de armas quase nunca se desloca por escolha; ela se move por conveniência. Em “Senhor das Armas“, essa constatação se impõe desde os primeiros minutos, quando o protagonista encara o próprio ofício com a naturalidade de quem aprendeu cedo que o mundo não recompensa escrúpulos. A narrativa acompanha esse deslizamento ético com objetividade, sem ornamentações que pretendam transformar culpa em epopeia.

Filme natalino na Netflix que você vai achar fofo… e esquecer antes do ano virar Divulgação / The CW Network

Filme natalino na Netflix que você vai achar fofo… e esquecer antes do ano virar

“Operação Beijo de Natal” se posiciona naquele segmento de produções que tentam equilibrar leveza e previsibilidade, mas acabam evidenciando, pela repetição de fórmulas, uma dificuldade de sustentar coerência interna entre personagens e premissas. A narrativa aposta em um romance reacendido, embalado por enfeites luminosos e pequenos conflitos locais, mas o que deveria funcionar como motor dramático se converte em uma sucessão de situações divulgadas como decisivas sem realmente adquirir peso no enredo. É como observar uma engrenagem que gira sem resistência: move-se muito, avança pouco.

A comédia romântica da Netflix feita sob medida para quem só quer desligar a cabeça Divulgação / Netflix

A comédia romântica da Netflix feita sob medida para quem só quer desligar a cabeça

A proposta central de “Ela Disse Talvez” parte de um conflito aparentemente simples: um casal jovem, dividido entre expectativas familiares e um percurso afetivo ainda instável, é forçado a lidar com a interferência de um clã poderoso que vê na protagonista uma peça de reposicionamento social e econômico. A premissa poderia conduzir a uma reflexão consistente sobre identidade, diáspora e herança cultural, especialmente quando envolve a tensão histórica entre Alemanha e Turquia, marcada por migrações, rupturas e reconstruções de pertencimento.