Autor: Enio Vieira

Dias Perfeitos, de Wim Wenders, é um guia contra discursos de ódio Divulgação / Wenders Images

Dias Perfeitos, de Wim Wenders, é um guia contra discursos de ódio

Os tempos são de medo e desejo pelo fim do mundo. A festa do Oscar neste ano que o diga. O maior premiado foi o filme “Oppenheimer”, que traz o velho truque de mostrar a complexidade de figuras lamentáveis — no caso, o criador da bomba atômica. Já o prêmio de melhor filme internacional coube a “Zona de Interesse”, que conta a história da vida normalizada ao redor de um campo de concentração nazista na Segunda Guerra Mundial. Em suma, o horror ou o sentimento de fim de linha dá o tom das coisas.

O Poderoso Chefão entre a utopia da família e a História Divulgação / Paramount Pictures

O Poderoso Chefão entre a utopia da família e a História

Um cineasta disse, certa vez, que preferia a adaptação de livros medianos ou menores para o cinema. Grandes obras, segundo ele, são mais complexas e até mesmo impossíveis de se transpor da escrita para as imagens. A mão de quem filma corrige as imperfeições de uma história não tão bem elaborada, dando novo sentido à forma e ao conteúdo. É possível que o caso mais bem sucedido de versão cinematográfica de livro menor seja “O Poderoso Chefão”, de Mario Puzo, que ganhou outra dimensão pelo olhar do diretor Francis Ford Coppola em sua trilogia com o mesmo nome.

O retorno de Autran Dourado

O retorno de Autran Dourado

A editora Harper Collins começou a reeditar uma das obras mais sofisticadas e profundas da literatura brasileira moderna. Os leitores de hoje têm assim a oportunidade de conhecer e reconhecer o escritor Autran Dourado (1926-2012), que andou um tanto relegado ao segundo plano no campo cultural, diante da avalanche de lançamentos em tempos de redes sociais. Já foram lançadas as novas edições de “A Barca dos Homens” (1961), “Ópera dos Mortos” (1967) e “Os Sinos da Agonia” (1974).

Um mapa das regiões literárias do Brasil

Um mapa das regiões literárias do Brasil

A divisão geográfica da cultura andou fora de moda por uns tempos. Nas últimas três décadas, a globalização fez muita gente acreditar na falta de importância da nação e de um país na produção artística. A ficção brasileira contemporânea, por exemplo, chegou ao ponto de achar que ela mesma brotava de um não-lugar, um lugar nenhum e sem pátria. Deu com os burros n’água porque a literatura do mundo inteiro valoriza o espaço. A paisagem, a fala local, ainda contam e narram muito.

Ideias para um mapa mundi da literatura

Ideias para um mapa mundi da literatura

Tempos atrás sugeri um esboço para o mapa mundi da literatura, tomando como base a discussão a respeito da literatura-mundo, mais conhecida pelo termo “world literature”. Não se trata de definir uma estética chamada de “universal”, uma linguagem comum a ser entendida por qualquer ser humano, em qualquer época ou lugar. Além de ilusório, esse universal é um erro se desconsiderar que uma obra está fincada em seu tempo histórico e espaço geográfico.