Autor: Enio Vieira

Twin Peaks e a invenção das séries modernas

Twin Peaks e a invenção das séries modernas

No começo, parecia só mais uma história policial para a televisão norte-americana no ano de 1990. Uma cidadezinha no noroeste dos Estados Unidos, uma jovem assassinada, um agente federal excêntrico encarregado de resolver o crime. Tudo em “Twin Peaks”, a princípio, poderia ser confundido com um enredo de mistério tradicional. A trama clássica para desvendar a identidade do assassino, a pergunta insistente que a narrativa faz para prender a atenção dos leitores ou, no caso, dos telespectadores.

O pensamento rápido e o devagar de Tati Bernardi

O pensamento rápido e o devagar de Tati Bernardi

A produção cultural passa por um período em que a literatura parece ter baixado o TikTok. Isso porque o mundo digital alterou o modo como escrevemos e lemos. Assim embaralhou critérios pelos quais julgamos as obras literárias feitas hoje. A linguagem veloz das redes sociais, da internet, invadiu o terreno da ficção, obrigando crítica e leitores a recalibrar os seus instrumentos de leitura. Quem ainda lê com régua antiga pode não perceber que existe um método no caos e no falatório digital.

Além das listas: a literatura na era digital do novo Brasil

Além das listas: a literatura na era digital do novo Brasil

A recente publicação da lista dos 25 melhores livros brasileiros do século 21 pelo jornal “Folha de S. Paulo” provocou um burburinho típico do nosso tempo. As indignações, os comentários precipitados, os rankings alternativos no X e o já tradicional “ninguém leu, mas todo mundo opinou”. Não era só uma lista colocada no debate público, mas também um diagnóstico, ainda que involuntário, de onde estamos culturalmente. A lista mostrou o que se escreve, como, quem escreve, lê e se sente autorizado a julgar.

A educação sentimental de Bob Dylan Divulgação / Walt Disney Studios Motion Pictures

A educação sentimental de Bob Dylan

A Nova York que o filme retrata é, antes de tudo, um sistema vivo. Nos cafés apertados do bairro Greenwich Village, os músicos, críticos, produtores e espectadores formam uma rede densa, onde tudo — canções, opiniões, contratos, amizades — circula, se mistura e se transforma no começo dos anos 1960. O filme é particularmente sensível ao sistema da música folk. O que se vê na tela é uma verdadeira esfera pública em miniatura, na qual onde arte e vida estão profundamente entrelaçadas.

Neil Young e suas múltiplas faces Foto / Ben Houdijk

Neil Young e suas múltiplas faces

A devoção no rock costuma ser coisa séria. Há algo de enigmático e poderoso na maneira como certos artistas conquistam seguidores fiéis, para além de estilos e gerações. Um exemplo desse fenômeno é a paixão que fãs de punk e heavy metal desenvolveram, no final dos anos 1980, por Neil Young. Um artista canadense cuja trajetória vai do folk acústico, do country a um rock intenso, com guitarras distorcidas e vocais melancólicos. Essa combinação fascinou o grunge do Pearl Jam, os maiores herdeiros do músico.