Autor: Eberth Vêncio

O dia em que arrancarem sua cabeça e arremessarem num campo de futebol

O dia em que arrancarem sua cabeça e arremessarem num campo de futebol

No último final de semana, Corinthians e Palmeiras se enfrentaram na Neo Química Arena em São Paulo. Foi um jogão de bola em que o time da casa meteu dois gols no visitante alviverde. À certa altura da peleja, um torcedor da massa corintiana que lotava o estádio, arremessou uma cabeça de porco dentro do gramado, próximo à linha de fundo no campo de defesa do Palmeiras. Por pouco, o atacante Yuri Alberto não quebra o pé ao dar uma bicuda no objeto, julgando que o mesmo fosse uma máscara de plástico ou de silicone.

Comendo pelas beiradas a melancolia

Comendo pelas beiradas a melancolia

Adoçar o dia de alguém faz parte do conjunto de esforços pessoais para tornar a vida um pouco mais palatável. Ando prolixo e repetitivo também. Nos textos que escrevo. Nas resenhas em família. Nas piadas com final já conhecido. Nas desculpas de sempre para procrastinar. Eu me amarro numa postergação. Se for adiar a solução de algum problema, por favor, me chame e vamos então tomar um café.

Sonhos medievais de uma mente contemporânea

Sonhos medievais de uma mente contemporânea

Não sei se de fato existe um estado. Apesar de tanto mal, arvorada na hipocrisia, a sociedade segue se organizando aos poucos. Quem nunca viu um enforcamento coletivo não sabe o que está perdendo. Tudo isso faz parte de uma política de cancelamentos. De certo que ninguém ainda tinha concebido exterminar indivíduos numa fogueira ou numa guilhotina.

Todas as enfermeiras vão para o céu; já os médicos, só a metade

Todas as enfermeiras vão para o céu; já os médicos, só a metade

Eu não podia acreditar que o Jantinha tinha morrido numa troca de tiros com a polícia. O telejornal noticiou que os militares encontraram um arsenal no porta-malas do seu carro. Não dava para confiar de olhos fechados na versão da polícia, sabem como é, mas, no caso do Jantinha, provavelmente, ele tinha alguma culpa no cartório, sim, senhor. Não se endireitava o danado. Trágico fim para um sujeito com uma vida desregrada e tortuosa desde sempre.

Bolinhos de chuva para alimentar uma mente árida

Bolinhos de chuva para alimentar uma mente árida

Depois da estiagem vinha a bonança: lágrimas de contentamento. Caía a chuva sobre a grama salpicada com pepitas de granizo. Para quebrar o gelo, pus para tocar Gene Kelly. Quem não gostou do som alto foi o casal de andorinhas de fraque preto aninhadas na sanca de gesso. Sobrevoaram-me a cabeça em rasantes ameaçadores que nem de longe me amedrontaram. Privilégio ter o teto sob o qual se morava disputado por passarinhos.