Autor: Eberth Vêncio

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Chamar Paul McCartney de velho seria um insulto à própria velhice. A mocidade apegou-se a ele desde os primórdios da beatlemania até os dias atuais, quando continua a subir no palco para testar os limites físicos de suas cordas vocais enrijecidas pelo tempo. Desafinar todo mundo desafina. Não vão querer exigir afinação perfeita de um homem de 83 anos de idade. Há, contudo, que se desafinar com elegância. Desafiar o tempo. Destilar o amor sob olhares de contentamento. Amor é troca. Amor é via de mão dupla.

Não seria legal se fossemos mais jovens? (10 canções essenciais de Brian Wilson e dos Beach Boys) Foto / Christian Bertrand

Não seria legal se fossemos mais jovens? (10 canções essenciais de Brian Wilson e dos Beach Boys)

A morte de Brian Wilson não apenas encerra a trajetória de um gênio da música pop — ela acende memórias adormecidas, evoca juventudes perdidas e escancara a crueldade do tempo. O líder dos Beach Boys, surfando entre sucessos e demência, nos deixa um legado de harmonias impecáveis e dores silenciosas. Neste texto, a emoção não é tratada com sentimentalismo barato, mas com ironia afiada e certa resignação nostálgica. Não se trata apenas de música, mas de envelhecer ouvindo ecos de ondas que já quebraram. Porque, no fim das contas, continuar vivo também tem seu custo. E às vezes, é alto.

Arco-íris em branco e preto

Arco-íris em branco e preto

A vida era doce, mas não era mole. Destituído de vírgulas rapaduras e outras precauções gramaticais um gato cinza passou sob uma escada amarela na qual um homem preto de uniforme roxo fazia reparos na calha de uma casinha rosa cujo proprietário era um homem branco de olhos azuis e de ar superior. Sentindo-se mais por baixo do que diferencial de sapo um cão caramelo de olhar tristonho permanecia deitado na calçada à espera de que o homem preto de uniforme roxo descesse logo da escada amarela para alimentá-lo com um suculento naco de carne vermelha de preferência um filé.

Não confie em quem você ama

Não confie em quem você ama

Na manhã em que a campainha tocou, José Márcio calçou as sandálias e abriu a porta para o inesperado: um bebê abandonado, um bilhete enigmático e uma esposa tomada por uma ternura que não negociava com a razão. Entre a fé e o pavor, entre o instinto e o Código Penal, ele tentou resistir. Mas a vida, às vezes, se impõe com risos, espantos e quedas teatrais. Uma história que transita entre a comédia e a devoção, entre o surreal e o possível — onde nem tudo é o que parece, mas tudo, de algum jeito, é verdade.

Comprou uma mamãe-reborn e foram felizes para sempre

Comprou uma mamãe-reborn e foram felizes para sempre

Sempre não é todo dia. Ficou com aquele blues do Oswaldo Montenegro ribombando na cachola. Oswaldo era um chato. A vida também. Precisava de uma mudança. Fazer sexo com profissionais perdera completamente o sentido. Sentia-se miserável. Nunca se amarrara a ninguém, apesar de ter conhecido mulheres bonitas, mulheres inteligentes e, claro, mulheres bonitas que eram inteligentes, ótimos partidos para casar-se ou, simplesmente, gastar o tempo juntos. Mas, de alguma forma, afeiçoara-se à solidão.