O teatro da crueldade de Artaud: ferir para fazer ver
Antonin Artaud não queria plateias satisfeitas, nem palmas polidas. Queria gritos. Convulsões. Corpos que se arrepiam não por beleza, mas por pânico. Seu teatro da crueldade não é brutalidade gratuita — é um chamado febril para o despertar. Na dor, ele via lucidez. No choque, verdade. O palco não como espelho da vida, mas como bisturi da alma. Artaud queria espectadores feridos, não instruídos. E nesse desejo radical, ainda hoje pulsa algo essencial: a urgência de um teatro que fura o torpor da linguagem e restitui à arte sua potência visceral.