Autor: Carlos Augusto Silva

Noites Brancas: Dostoiévski entre o devaneio romântico e a vertigem existencial

Noites Brancas: Dostoiévski entre o devaneio romântico e a vertigem existencial

Um jovem sonhador, enclausurado entre ruas desertas e fantasias desmedidas, tropeça no acaso de um encontro que parece prometer sentido à sua existência suspensa. O que começa como uma noite luminosa logo revela as sombras de um desejo que não se sustenta fora da imaginação. Entre o delírio amoroso e a recusa do real, emerge um retrato pungente da solidão moderna. Há ternura, mas também desamparo; há beleza, mas ela se dissolve no ar da manhã. Nesse breve intervalo entre sonho e frustração, delineia-se o esboço de uma nova sensibilidade — nem mais romântica, ainda não totalmente existencial.

Proust, Joyce, Kafka — e Mann: um século para quatro, não para três

Proust, Joyce, Kafka — e Mann: um século para quatro, não para três

No século 20, três nomes dominam o imaginário literário: Proust, Joyce e Kafka. No entanto, há um quarto autor que merece igual reconhecimento. Com uma escrita grandiosa e uma visão universal, ele construiu narrativas que equilibram erudição e acessibilidade, sem perder a profundidade filosófica. Sua obra transita entre a análise da história e a condição humana, explorando o tempo e a existência com rara maestria. Diferente da fragmentação e do caos de seus contemporâneos, sua abordagem estruturada e monumental reafirma o poder da literatura como síntese.

Anna Kariênina: Tolstói contemporâneo

Anna Kariênina: Tolstói contemporâneo

O tempo das grandes sínteses passou. Vivemos a era das especializações fragmentadas, da leitura convertida em técnica, da literatura confinada aos claustros universitários. Os clássicos, que foram alimento e alento de leitores comuns, tornaram-se propriedade de exegetas herméticos, analisados por cortesãos da teoria com a frieza de um legista diante de um cadáver ilustre.

Suma Teológica — opus magnum de Tomás de Aquino: um guia de leitura

Suma Teológica — opus magnum de Tomás de Aquino: um guia de leitura

A mente humana é capaz de se aventurar em abismos de ideias e emergir com visões transformadoras. Alguns buscam a verdade pelo caminho imediato da sensibilidade; outros, pelo rigor racional. Neste cenário, destaca-se um pensador cuja influência transcende os séculos e reorganiza as noções fundamentais de fé e razão. Seu legado, marcado pela estrutura sistemática, tornou-se referência incontornável para estudiosos e curiosos. Entre a serenidade da lógica e a profundidade espiritual, seu pensamento permanece vivo e desafiador.

Moby Dick: o mar e o destino na jornada de Melville

Moby Dick: o mar e o destino na jornada de Melville

Entre a grandiosidade do oceano e a obsessão de um homem, Herman Melville concebeu uma das mais impactantes obras da literatura universal. Moby Dick transcende o rótulo de simples aventura e se transforma em epopeia do espírito humano. Nessa jornada, o capitão Ahab e seu navio Pequod encarnam o ímpeto de domínio, confrontados pelo enigma da baleia branca. Forjado nas tempestades do mar e da ruína familiar, Melville investe sua obra de reflexões filosóficas e simbólicas. O resultado é um romance que ainda hoje desafia e fascina leitores, lançando-nos ao abismo entre a razão e o desconhecido.