O filme “Baywatch: S.O.S. Malibu” equilibra uma fórmula de humor despretensioso e uma nostalgia bem calculada, lembrando a série que marcou os anos 80 e 90. Idealizado por Michael Berk, Douglas Schwartz e Gregory J. Bonann, o seriado original, que dominou as telinhas de 1989 a 2001, cativou gerações e tornou-se um clássico instantâneo da cultura pop.
Seth Gordon, diretor da adaptação cinematográfica, inspira-se diretamente nesse legado, mantendo os elementos essenciais, porém transportando a trama das praias californianas de Malibu para as areias da fictícia Emerald Bay, na Flórida. A mudança geográfica, praticamente imperceptível aos olhos do público comum, é envolvida em cenários paradisíacos com águas que parecem mesclar tons de esmeralda, recriando uma atmosfera familiar, mas com um toque revigorado.
Logo no início, a fotografia de Eric Steelberg capta a tranquilidade da praia ao pôr do sol, contrastando com o ritmo acelerado das sequências subsequentes. Dwayne “The Rock” Johnson, que interpreta o tenente Mitch Buchannon, incorpora o papel do dedicado salva-vidas com um carisma que lembra o estilo heroico de David Hasselhoff, agora em uma versão mais atlética e espirituosa. Mitch personifica o guardião da costa, com um senso de dever inabalável; uma figura icônica que combina força e presença, resgatando incansavelmente banhistas em apuros, como o kitesurfista que se vê à deriva logo na abertura do filme.
O roteiro explora a dinâmica entre Mitch e os novos recrutas, revelando uma equipe diversificada, onde cada personagem possui motivações e personalidades próprias. Ronnie, um ex-nerd do setor de tecnologia interpretado por Jon Bass, busca sua verdadeira essência longe do mundo corporativo; Matt Brody, vivido por Zac Efron, é um campeão olímpico de natação que agora se vê testando seus limites fora das piscinas; e Summer, de Alexandra Daddario, traz um charme misterioso com seus olhos hipnotizantes, que refletem as águas ao redor. Supervisionando-os, além de Mitch, estão Stephanie Holden (Ilfenesh Hadera) e CJ Parker (Kelly Rohrbach), cujo papel traz uma homenagem divertida e autoconsciente aos icônicos trotes em câmera lenta popularizados por Pamela Anderson.
Em paralelo à ação na praia, um mistério sombrio surge: um assassinato inexplicável conecta a equipe a um necrotério, onde o roteiro, embora exagerado em algumas piadas escatológicas, mantém o tom leve e irônico. A investigação os leva a uma sofisticada festa de gala em um iate, onde Brody, já imerso na missão, infiltra-se para desbaratar uma gangue de traficantes de flakka, uma perigosa droga sintética. Essas tramas são intercaladas com sequências bem-humoradas, como a luta cômica entre Mitch e o sargento Ellerbee (Yahya Abdul-Mateen II) em um quarto infantil pintado de rosa, um toque de absurdo que remete ao estilo irreverente da série original.
Victoria Leeds, a vilã interpretada com classe por Priyanka Chopra Jonas, é outro ponto alto, oferecendo um contraponto intrigante com seu charme manipulador e sua postura fria. Ao final, uma homenagem à série se desdobra em uma cena pós-créditos com David Hasselhoff e The Rock, brincando com o passado de Baywatch e relembrando, com humor e nostalgia, a época em que mulheres de maiô dominaram as tardes televisivas. A adaptação de Gordon vai além de um simples remake, atualizando e, ao mesmo tempo, celebrando o espírito leve e aventureiro de “S.O.S. Malibu”.
Filme: Baywatch: S.O.S. Malibu
Direção: Seth Gordon
Ano: 2017
Gêneros: Ação/Comédia
Nota: 8/10