A comédia da Netflix que vai acalmar sua alma e deixar sua segunda-feira mais leve Divulgação / Paramount Pictures

A comédia da Netflix que vai acalmar sua alma e deixar sua segunda-feira mais leve

Em um período em que expressões como “masculinidade tóxica”, “sororidade” e “fluidez de gênero” passaram a dominar as conversas e pautar discussões públicas, obras como “Eu Te Amo, Cara” ganharam inesperada relevância. De maneira despretensiosa, a narrativa de um conquistador inveterado que, prestes a se casar, percebe não ter um amigo próximo para ser seu padrinho se tornou uma espécie de manual prático para homens de todas as vertentes sobre o que evitar se quiserem alcançar qualquer grau de sucesso pessoal — que, inevitavelmente, envolve não acabar solitário. Despida de qualquer ar de autoajuda, a criação de John Hamburg se sobressai como uma comédia genuína, repleta de personagens exagerados e figuras instáveis tentando, a todo custo, evitar qualquer sinal de vulnerabilidade ou comportamento inadequado, o que quer que isso signifique.

Enquanto o casamento de Peter Klaven e Zooey Rice se aproxima, Sydney Fife desponta como o único capaz de transformar Peter em um noivo minimamente aceitável. Corretor imobiliário desajeitado e grosseiro, Peter é totalmente alheio a normas sociais mais sutis, e sua predisposição em se derreter por qualquer mulher que cruze seu caminho ameaça tanto sua vida pessoal quanto sua carreira. Embora seu comportamento seja desprezível, ele é astuto o suficiente para perceber que Sydney se tornará uma peça chave na vida que pretende construir. Nesse ponto, o roteiro de Hamburg e Larry Levin desenvolve a curiosa relação entre dois adultos que se conhecem de forma singular, conectados por um amigo em comum, ninguém menos que Lou Ferrigno, famoso fisiculturista e ator.

O Peter interpretado por Paul Rudd carrega uma dose peculiar de charme e repulsa, enquanto o Sydney de Jason Segel combina ingenuidade e uma empatia desarmante, ambos gerando percepções únicas no público. Como o título sugere, a trama foca na construção dessa amizade improvável, mas o diretor também reserva momentos brilhantes para Rashida Jones, cuja personagem parece existir em um universo paralelo, repleto de elementos caóticos como guitarras, pôsteres antigos e eletrodomésticos quebrados. “Eu Te Amo, Cara” reflete sobre o que homens fazem até perceberem que, sem espaço para a paixão, resta-lhes apenas a necessidade de amadurecer. No fim, nem sempre sobra a memória daqueles tempos em que escovas de dentes compartilhadas e reuniões triviais faziam parte de suas vidas.


Filme: Eu Te Amo, Cara
Direção: John Hamburg
Ano: 2009
Gêneros: Comédia/Romance
Nota: 8/10