Último dia para assistir: o melhor filme de Mel Gibson em uma década está de saída da Netflix Divulgação / SND Films

Último dia para assistir: o melhor filme de Mel Gibson em uma década está de saída da Netflix

A dinâmica entre pais e filhos, independentemente da idade dos envolvidos, é invariavelmente complexa e carregada de desafios. À medida que os filhos amadurecem, a preocupação dos pais não diminui, e a natureza dos problemas pode se intensificar. Essa constante vigilância é uma resposta à vulnerabilidade dos filhos, que frequentemente se deparam com situações difíceis e precisam enfrentar os erros e as consequências de suas próprias escolhas. O desejo dos pais de proteger e guiar é constante, mas muitas vezes é insuficiente para evitar que os filhos vivenciem seus próprios desafios e erros, apesar das melhores intenções e conselhos dados.

O filme “Herança de Sangue” explora essa temática com profundidade, refletindo sobre a relação tumultuada entre pai e filha em meio a um cenário de violência e crime. Jean-François Richet, o diretor, destaca a fragilidade moral dos personagens principais, retratando-os em uma situação de instabilidade e conflito. O roteiro de Andrea Berloff e Peter Craig, baseado no romance de Craig, amplia essa visão ao desenvolver os personagens e suas interações com um toque de crítica social e reflexão.

O início do filme é marcado por uma cena reminiscentemente de faroeste, com cartazes de uma garota desaparecida, seguido pela introdução de Lydia, a jovem que aparece nos cartazes. A cena em que Lydia tenta comprar cigarros, mas é barrada por ser menor de idade, enquanto adquire munição sem restrições, serve como uma crítica ao estilo de vida americano. O roteiro, ao longo dos 88 minutos de projeção, revela a angústia dos personagens e suas escolhas, muitas vezes com um tom irônico e incisivo.

Lydia, interpretada por Erin Moriarty, está envolvida com um grupo que trabalha para o narcotráfico mexicano, escondendo armas e drogas sob a aparência de uma vida normal. Sua ligação com Jonah, vivido por Diego Luna, e o envolvimento com o tráfico revelam a complexidade de sua situação. O enredo ganha uma nova dimensão com a chegada de John Link, interpretado por Mel Gibson, um ex-presidiário que se vê forçado a confrontar seu passado ao ajudar a filha em uma nova jornada de criminalidade.

“Herança de Sangue” se destaca não apenas pelos desempenhos de Moriarty, Gibson e Richet, mas também pelos diálogos afiados e a representação convincente de temas como imigração e discriminação racial. O personagem de Gibson, em busca de redenção e tentando salvar a filha de um destino semelhante ao seu, adiciona uma camada emocional ao filme. No entanto, mesmo com todo o seu empenho, ele enfrenta limitações, refletindo a realidade de que, apesar das intenções, os pais muitas vezes não podem controlar todos os aspectos da vida dos filhos.


Filme: Herança de Sangue
Direção: Jean-François Richet
Ano: 2016
Gêneros: Ação/Drama/Suspense
Nota: 9/10