Dominic Toretto, em 1989, buscava um título que prometia alavancar sua carreira, mas mesmo acreditando na vitória, o destino parecia conspirar contra ele. O óleo na curva dois, a ameaça do carro 23, e o retorno de Kenny Linder, um velho adversário, eram elementos que tornavam a derrota iminente; ainda assim, o fracasso pode ocorrer sem aviso, independente da vontade humana.
Antes de revelar a queda de Toretto, “Velozes e Furiosos 8” pinta um cenário radiante, iluminando Dom e seu grupo com o sol caribenho. F. Gary Gray, após o sucesso de “Straight Outta Compton: A História do N.W.A.” (2015), drama biográfico sobre os pioneiros do hip hop nos EUA, trouxe um frescor ao enredo e conseguiu arrecadar mais de 1,25 bilhão de dólares, um feito impressionante sob qualquer perspectiva.
Os mistérios de uma história repetida se escondem, em grande parte, no elenco. Vin Diesel lidera um grupo de talentos variados, enfrentando os desafios de um filme que exige físico e vai além do movimento.
Dom parece exausto de sua “família”, termo frequentemente usado pelos roteiristas Chris Morgan e Gary Scott Thompson, e une-se a Cipher, a vilã ambígua de Charlize Theron. Seus companheiros, sentindo a traição, vão atrás dele. No entanto, Dom, o corredor mais talentoso da América, não quer ser incomodado e dirige seu Challenger vermelho para as brisas de Havana. Com ele está Letty, sempre fiel.
Como um Dom Quixote com sua Dulcineia, eles não temem nada. Gray posiciona Diesel e Michelle Rodriguez em cenários deslumbrantes, iniciando o filme com Dom defendendo a honra de seu meio-irmão, Fernando, de Janmarco Santiago, contra Raldo, interpretado por Celestin Cornielle, nas ruas de Havana. Ele vence a corrida, recusa o prêmio, é aclamado e se torna uma lenda viva entre figurantes com físicos rígidos demais para serem cubanos. Até que o destino reaparece.
Dom e Cipher têm contas a acertar, culminando no próximo filme, mas por enquanto, Diesel e Theron protagonizam bons confrontos, primeiro na América Central, depois num lago congelado na Sibéria, onde a equipe de computação gráfica liderada por Mark Gullesserian faz jipes blindados voarem ao surgir um submarino gigantesco.
“Velozes e Furiosos 8” traz uma novidade que, desde o início da franquia há dezesseis anos, mantém-se familiar. O final, com Dom, Letty e seu grupo no terraço de um prédio em Nova York, deixou-me com um sorriso, embora sabendo que o futuro não seja promissor.
Filme: Velozes e Furiosos 8
Direção: F. Gary Gray
Ano: 2017
Gêneros: Ação/Crime
Nota: 8/10