Romance bobinho e fofinho que vai redefinir sua visão do amor, na Netflix Patrick Redmond / Netflix

Romance bobinho e fofinho que vai redefinir sua visão do amor, na Netflix

Pode-se afirmar, sem exageros, que Hollywood conta com poucos talentos tão dedicados a sacrificar a própria vida pessoal em nome do espetáculo quanto Lindsay Lohan. Após um longo período afastada, para tristeza dos fãs e dela mesma, Lohan, ex-estrela adolescente do início dos anos 2000, está conseguindo reencontrar o caminho do sucesso que a consagrou com “Meninas Malvadas” (2004), dirigido por Mark Waters. Seu retorno foi marcado por um notável renascimento com o filme “Pedido Irlandês”, dirigido por Samantha Jayne e Arturo Perez Jr., que reviveu um fenômeno que poderia ter ficado apenas na memória, em meio a uma onda de remakes que domina boa parte da produção audiovisual contemporânea.

Depois de vários esforços para se reerguer, Lohan, uma atriz comprometida, passou por um processo de autodestruição caracterizado por problemas com álcool e relacionamentos turbulentos, que afetaram sua carreira, como visto em “Sorte no Amor” (2006), dirigido por Donald Petrie, e “Uma Quedinha de Natal” (2022). “Pedido Irlandês” parece ter sido feito sob medida para Lohan, que aproveita a química com a diretora Janeen Damian, conhecida do trabalho anterior. Damian, conhecendo bem o potencial de Lohan, destaca a atriz em cenas onde ela brilha junto ao bom elenco de apoio.

No papel principal, Lohan interpreta uma editora ambiciosa, cuja jornada de autodescoberta é tratada com humor e leveza no texto de Kirsten Hansen. O filme aborda a história de uma mulher que vê a chance de ascender profissionalmente por meio de um casamento de conveniência, mesmo sabendo que está cometendo erros perigosos. “Pedido Irlandês” corre o risco de emular a premissa central de “O Casamento do Meu Melhor Amigo” (1997), de P.J. Hogan, que extraiu referências da Era de Ouro de Hollywood, fazendo uma das últimas comédias românticas autênticas e inteligentes. No entanto, as semelhanças acabam aí.

Maddie Kelly, a personagem de Lohan, é convidada a ser madrinha no casamento de Emma Taylor, uma amiga de infância, com Paul Kennedy, um escritor medíocre para quem Maddie atua como ghost writer, aprimorando suas histórias fracas. Este trio de personagens é o eixo do filme, com Lohan, Alexander Vlahos e Elizabeth Tan mantendo a narrativa até que o enredo toma forma. Sentada em um banco mágico sob uma árvore em flor no pitoresco Condado de Clare, na Irlanda, Maddie faz um pedido à Santa Brígida, interpretada por Dawn Bradfield, que vira suas vidas de cabeça para baixo, com um “príncipe” não tão encantado surgindo para Maddie.

James Thomas, o fotógrafo vivido por Ed Speleers, aparece para resgatar Maddie de si mesma, ainda que ambos não saibam disso inicialmente. Este é o ponto alto do filme, com Speleers cativando a atenção em várias cenas. “Pedido Irlandês”, apesar de um título um tanto ingênuo na tradução literal, é uma mistura de realismo mágico com a doçura típica das comédias românticas, lembrando o filme de Hogan, mas com um toque adicional de fantasia. O elenco demonstra grande compromisso com seus papéis, tornando a experiência envolvente e agradável.


Filme: Pedido Irlandês
Direção: Janeen Damian
Ano: 2024
Gêneros: Comédia/Romance 
Nota: 7/10