O filme de ação na Netflix que vai fazer seu sangue ferver e seus olhos saltarem do rosto George Kraychyk / Paramount Pictures

O filme de ação na Netflix que vai fazer seu sangue ferver e seus olhos saltarem do rosto

Decerto a melhor coisa em “xXx: Reativado” é o elenco, afinado e afiado, por causa e apesar de Vin Diesel, cômodo e acomodado num personagem de que já tirou até a última gota e que não acrescenta-lhe mais nada, situação bastante parecida com a de alguns outros colegas, embora, haja gratas surpresas, frise-se. Na terceira produção da franquia “Triplo X”, D.J. Caruso abusa de floreios narrativos a fim de não deixar que o espectador perca o interesse pela história de Xander Cage, a um só tempo agente secreto, mercenário, coroa pegador e que, por óbvio, também almeja o posto de salvador de um mundo sempre à beira da ruína. O roteiro de F. Scott Frazier dá azo a um todo irregular de sequências aceleradas que de fato cativam, mas não resistem ao tédio, ou por já se saber onde aquilo termina e de que forma, ou por um mais do mesmo repisado de muitos outros longas parecidos.

O plano-sequência de abertura, com um satélite incendiando-se e caindo sobre a Terra em computação gráfica, sintetiza muito do que acontece em “xXx: Reativado”. Depois, cozinheiros preparam uma refeição num restaurante chinês de luxo, e o fogo é a interseção entre os dois ambientes. Augustus Gibbons passaria por um homem irritantemente comum para aqueles que nunca assistiram a nenhum dos filmes “Triplo X”, mas aos poucos revela-se um tipo admirável.Uma imensa cicatriz na face esquerda sugere acertadamente um passado de luta, sem figura de linguagem.

Gibbons foi capaz de, sozinho, impedir a Terceira Guerra Mundial, mas agora parece mais interessado mesmo é em acertar os versos de “What a Wonderful World” (1967), sucesso na voz de Louis Armstrong (1901-1971) no caraoquê. Tamanha mudança não é capaz de livrá-lo da tragédia que acende o mote central do enredo, com Jane Marke, uma alta funcionária da CIA, no comando de uma reunião com espiões de todo o mundo. Visivelmente constrangida, engessada num papel que não se lhe ajusta nem sob um rendoso cachê, Toni Collette deixa-os à par da existência de uma tal Caixa de Pandora, arma com potencial para, mediante sofisticadas invasões cibernéticas, fazer com que satélites virem mísseis de combate.

O núcleo jovem da história entra em cena no meio do segundo ato. Nina Dobrev surpreende com uma interpretação arrojada para Becky Clearidge, a nerd que passa boa parte dos 110 minutos inabalável no propósito de desativar o software genocida que faz a tecnologia virar-se contra todo o gênero humano. Na linha de frente, Nicky “Nicks” Zhou, também conhecido como Encapuzado, um DJ dado a bazófias autoelogiosas que conta já ter seduzido Taylor Swift e Lady Gaga numa mesma noite, dá um tempo das carrapetas a fim de ajudar a equipe de Marke com os trabalhos menos cerebrais. Kris Wu e Hermione Corfield, com Ainsley, a típica mocinha que encabeça lances de um inesperado romantismo pueril, imprimem alguma graça a “xXx: Reativado”, versão deliberadamente brucutu de “007” ou “Missão: Impossível”.


Filme: xXx: Reativado
Direção: D.J. Caruso
Ano: 2017
Gêneros: Ação/Aventura
Nota: 7/10