Desligue o cérebro por 88 minutos: comédia romântica bobinha e engraçadinha acaba de chegar à Netflix Divulgação / Living Films

Desligue o cérebro por 88 minutos: comédia romântica bobinha e engraçadinha acaba de chegar à Netflix

Há um excesso de comédias românticas? Pelo que se assiste em “A Mãe da Noiva”, pode-se dizer com elevado grau de certeza que falta muito para que o gênero se esgote de vez, tamanha a criatividade e o alcance dos problemas a cercar namorados, maridos, esposas, noivas, noivos, cerimônias, festas e, claro, todas as figuras propínquas de um dos eventos mais inesquecíveis na vida de alguém, a despeito do relacionamento vingar ou não — aliás, no caso de divórcio, talvez a lembrança daquele momento quase sempre luminoso, de genuína beleza a tocar quem dele toma parte, torne-se ainda mais inescapável.

Mark Waters vitamina algumas ideias centrais vistas em dignos representantes do gênero, inclusive os de sua própria lavra, casos de “E se Fosse Verdade” (2005), no qual um homem e uma mulher enamoram-se mesmo depois da morte de um deles, e “A Casa do Sim” (1997), sobre outra paixão impossível, mediado por humor. Aqui, o roteiro de Robin Bernheim expõe as inseguranças muito particulares de uma mulher prestes a subir ao altar com seu escolhido, mas subitamente bombardeada por impressões nada edificantes da própria mãe a respeito do futuro genro, fundamentadas numa experiência que teve com o pai dele anos antes. É claro que não se pode levar um farelório desse a sério, e aí que o filme de Waters termina por derrapar.

Quem conseguisse desenvolver a fórmula que verdadeiramente blindasse as relações, mais que muito rico teria lugar garantido em todos os produtos da indústria cultural até o fim dos tempos. Falar-se-ia desse salvador dos namoros, noivados e casamentos com tamanha insistência que seria até provável que terminasse se arrependendo de uma sua proeza — e bem antes disso, já teria se perguntado mil vezes sobre o porquê da descoberta, uma vez que boa parte de quem se compromete com outra pessoa, não o deveria fazer nunca. De qualquer forma, ninguém precisa se preocupar em continuar ao lado daquele ou daquela que a vida, leia-se um dos dois, tratou de separar, pelo contrário; há muito mais gente ocupando-se de dar uma ajudinha ao destino e separar de uma vez por todas os ex-amantes inconvenientes. E como eles pesam nas comédias românticas!

Emma e RJ aproveitam as férias para acertar todos os detalhes do casamento dos sonhos que pretendem ter, dentro de um mês, na Tailândia. Depreende-se que ela e a mãe não são assim tão próximas, uma vez que Lana não sabe nada sobre o noivo da filha que, se vai ver, tem um laço real com seu passado. Nesse primeiro contato do público com o enredo, o diretor apresenta os personagens de forma desmazelada, restando a cada um pensar no porquê de estarem tão desinformados uns sobre os outros.

A pouca afinidade entre Miranda Cosgrove e Sean Teale se estende ao anticasal maduro formado por Lana e Will, com Brooke Shields e Benjamin Bratt um tanto perdidos na trama. O desastre só não é maior graças a Clay e Scott, os tipos a um só tempo divertidos e cheios de significado de Michael McDonald e Wilson Cruz. O que sobra é um caldo insosso e frio de chavões que se pretendem valorosos, tudo o que um longa como esse não pode ter.


Filme: A Mãe da Noiva
Direção: Mark Waters
Ano: 2024
Gêneros: Comédia/Romance
Nota: 7/10