Na arena competitiva do esporte, onde a paixão e a estratégia se chocam, “O Homem que Mudou o Jogo”, na Netflix, surge como um retrato emblemático da busca obstinada pela vitória. É um universo onde a imprevisibilidade do destino muitas vezes supera as aspirações mais fervorosas, uma constatação implacável que ecoa ao longo da narrativa.
Bennett Miller, ao adaptar “Moneyball: The Art of Winning an Unfair Game” de Michael Lewis, oferece mais do que uma simples história esportiva; ele apresenta um estudo penetrante do comportamento humano. Ao longo de 133 minutos de realismo cru e sonhos ilusórios, somos confrontados com a ironia da vida — um jogo complexo que nos desafia, recompensando-nos e desiludindo-nos em igual medida.
Billy Beane surge como uma figura complexa nesse cenário. Para ele, o beisebol transcende a mera distração ou entretenimento; é uma busca incansável por excelência. O roteiro perspicaz de Aaron Sorkin, Stan Chervin e Steven Zaillian mergulha nas profundezas da angústia interior de Beane. A atuação hábil de Brad Pitt navega pelos contornos emocionais de um homem para quem o esporte é tanto refúgio quanto perseguidor implacável. Beane, gerente-geral do Oakland Athletics, é retratado como alguém que enfrenta seus próprios demônios, enquanto rememora silenciosamente sua decisão de abandonar a carreira de jogador em 1989.
Quinze anos depois, Beane continua sua busca por um método infalível para garantir a vitória, ansiando por uma estratégia econômica e eficaz. No entanto, a chegada de Peter Brand, um jovem analista brilhante, o desafia a repensar suas convicções.
A dinâmica entre Beane e Brand, interpretado por Jonah Hill, eleva a trama além de uma simples narrativa esportiva, transformando-a em um estudo de personagens complementares. Beane, com sua experiência e determinação, e Brand, com sua abordagem analítica, unem forças para desafiar o status quo. A habilidade de Hill em contracenar com Pitt enriquece o filme, mostrando uma parceria inesperada, mas incrivelmente eficaz.
O desfecho, fiel à sua premissa de realismo, rejeita a noção simplista de que um relacionamento conturbado poderia ser a ruína de Beane. Sua relação com sua filha, Casey, interpretada por Kerris Dorsey, emerge como um farol de estabilidade em meio ao turbilhão de sua carreira. Em sua essência, Billy Beane é um autodidata, moldando seu próprio destino com todas as suas vitórias e desafios, dentro e fora do campo. E é ele, mais do que qualquer outro, que deve enfrentar as consequências de suas escolhas.
Filme: O Homem que Mudou o Jogo
Direção: Bennett Miller
Ano: 2011
Gêneros: Drama/Biografia
Nota: 9/10
