Não perca: último dia para se emocionar com uma das mais tocantes histórias de amor do cinema na Netflix John P. Johnson / Summit Entertainment

Não perca: último dia para se emocionar com uma das mais tocantes histórias de amor do cinema na Netflix

“Cartas para Julieta” transborda romance desde seus primeiros momentos até o grand finale, mergulhando fundo nos territórios do amor, paixão e daquela doce loucura que frequentemente ameaça engolir a chama inicial, porém, neste enredo, a chama persiste. Sob a direção de Gary Winick, o filme é um verdadeiro hino ao sentimento mais puro e complexo que move a humanidade, tecido com uma narrativa visual onde seres angelicais e figuras renascentistas se entrelaçam em uma dança de amor etéreo, seguindo a batida clássica de Cole Porter.

O roteiro, escrito por José Rivera e Tim Sullivan, flui com uma doçura premeditada, conduzindo o espectador por um caminho familiar, mas confortante, onde cada peça do quebra-cabeça encontra seu lugar exato, desenhando uma realidade utópica onde tudo se alinha com perfeição.

A protagonista, Sophie, interpretada com uma inocência cativante por Amanda Seyfried, vagueia pela emblemática Times Square em busca de evidências que confirmem a autenticidade de um dos beijos mais icônicos do século 20, capturado pelas lentes do fotógrafo Alfred Eisenstaedt. Este momento histórico, embora envolto em controvérsias reveladas anos mais tarde, serve de pano de fundo para a jornada de Sophie, uma aspirante a escritora que se equilibra entre o jornalismo e a ficção romântica, mas que encontra em sua história um desafio para publicação na renomada “The New Yorker”.

O compromisso de Sophie com Victor, um chef talentoso vivido por Gael García Bernal, se desenrola sem grandes alardes, sublinhando uma previsibilidade que, paradoxalmente, não promete um final feliz. É em Verona, o cenário shakespeariano por excelência, que Sophie descobre uma carta perdida no tempo, uma ponte entre o passado e o presente que reacende a chama dos amores perdidos e das segundas chances.

O filme é enriquecido pela presença magnética de Vanessa Redgrave como Claire, cuja própria história de amor com Franco Nero, relembrando seus dias em “Camelot”, ecoa a temática de amor eterno e reencontros que “Cartas para Julieta” tão docemente explora. A busca de Claire por seu Lorenzo Bartolini, vivido pelo sempre charmoso Nero, e a relação emergente entre Sophie e Charlie, interpretado por Christopher Egan, tecem uma tapeçaria de relações que se entrelaçam entre passado e presente, entre a realidade e o ideal romântico.

“Cartas para Julieta” é um convite para se deixar levar pela correnteza do amor, com pouca exigência de análise crítica e uma boa dose de conhecimento sobre os encantos e curiosidades do cinema. Embora possa parecer à primeira vista uma trama voltada para um público mais maduro, o filme fala a todos que estão dispostos a embarcar em uma jornada de descoberta, paixão e, acima de tudo, a crença inabalável no poder do amor para transformar e curar.

É um lembrete poético de que, às vezes, o coração reserva espaços inexplorados, prontos para serem preenchidos por novos sonhos e devaneios, mesmo quando pensamos que já vimos de tudo no que diz respeito ao amor.


Filme: Cartas para Julieta 
Direção: Gary Winick
Ano: 2010
Gêneros: Romance/Drama/Comédia
Nota: 9/10