Romance arrebatador na Netflix mostra que o amor não pode ser domado Divulgação / CJ Entertainment

Romance arrebatador na Netflix mostra que o amor não pode ser domado

Drake Doremus tem uma dezena de produções românticas no currículo. Sua obra mais conhecida é “Loucamente Apaixonados”, um drama sobre uma paixão febril e cheia de altos de baixos, estrelada por Felicity Jones e o falecido Anton Yelchin. Há uma sensibilidade em Doremus que o torna um talento especial no gênero. Ele consegue ver o amor em suas mais variadas e complexas camadas. Não é porque o amor é real que ele vai sempre vencer.

Em “Amor à Três”, protagonizado por Shailene Woodley, e com Jamie Dornan e Sebastian Stan no elenco, o filme ainda percorre as nuances, os timbres e sabores doces e amargos das relações. Woodley interpreta Daphne, uma mulher na casa dos 30 anos, que acaba de passar por uma separação difícil. Sem emprego e sem ter onde morar, ela tenta se reerguer com a ajuda de sua irmã, que a abriga na casa da piscina.

Daphne trabalha como vendedora de uma loja de roupas, mas não por muito tempo até vagar novamente à procura de um novo trabalho que a fará se sentir frustrada e sem talento. Fumante compulsiva, o vício é um reflexo de sua falta de controle em muitas outras áreas de sua vida. Mas Daphne tem, sim, uma vocação. Ela gosta de pintar peças de cerâmica, as tornando peças únicas, e as vende na Etsy.

Em uma festa na casa de sua irmã, ela conhece o sensível e inteligente escritor Jack (Dornan) e o bon vivant irresponsável e sedutor Frank (Stan). Sem saber que ambos são amigos de longa data, ela engata relações despretensiosas com cada um deles. O problema é que Daphne é emocionalmente dependente. Mesmo com a meta de passar um tempo solteira após sua traumática separação, ela não consegue se distanciar desses novos relacionamentos e tomar o fôlego necessário para se curar primeiro.

A protagonista é honesta consigo mesma, pois faz o que manda o coração, mas não é honesta com os dois parceiros, mentindo para eles sobre o tipo de vínculo que tem com o outro. Ou seja, ela se relaciona sexualmente com ambos, mas mente sobre isso para os dois. As coisas se complicam mesmo quando todos começam a desenvolver sentimentos.

Daphne ama ambos e não consegue se desvincular de nenhum. Jack se apaixona por ela e quer dar nome à relação, assumir um compromisso e levar uma vida a dois. Frank tem picos de emoção. Uma  hora é completamente presente e passional, levando Daphne em uma viagem intensa em Big Sur. Noutra, ele some por meses, inexplicavelmente, sem atender suas ligações.

No meio dessa complexa teia de sentimentos, Daphne, que está confusa e tentando encontrar a si própria, toma as piores decisões e as consequências chegam para cobrar seu preço.

Enquanto isso, Doremus reflete sobre a imprevisibilidade dos sentimentos e a constatação de que o amor não é tudo que um relacionamento precisa para dar certo. Ele também está longe de ser suficiente para consertar os erros. O cineasta ainda reflete sobre como é impossível amar do jeito certo outra pessoa quando você precisa primeiro encontrar o amor por si próprio.

“Amor a Três” tem cortes repentinos, que vão para frente e depois retornam, enquanto os diálogos continuam linearmente. Isso dá uma sensação abstrata, como se as falas estivessem apenas nos pensamentos dos personagens, quando, na realidade, elas foram ditas. Há uma estética filosófica e romântica, que mistura blurs, bokehs e closes, dando uma certa intensidade para o sentimento.


Filme: Amor à Três
Direção: Drake Doremus
Ano: 2020
Gênero: Romance / Drama
Nota: 8/10