Misture diversão, terror e fantasia no liquidificador e tenha esse filme arrepiante que chegou recentemente na Netflix Divulgação / Sony Pictures

Misture diversão, terror e fantasia no liquidificador e tenha esse filme arrepiante que chegou recentemente na Netflix

Há um ditado que diz: “Cuidado com o que deseja, pois pode se realizar”. O sentido disso é que nem tudo que queremos nos pertence. Algumas coisas parecem sonhos, mas podem se tornar verdadeiros pesadelos quando o preço é cobrado. O suspense “A Ilha da Fantasia”, de 2020, dirigido por Jeff Wadlow e inspirado em uma série homônima de 1977, é exatamente sobre isso.

Além do programa de televisão, Wadlow também jogou no liquidificador elementos de “O Segredo da Cabana”, de Drew Goddard, e da série “Westworld” para criar esse filme que mistura humor, gore e ficção-científica.

O suspense se concentra em uma ilha no meio do Oceano Pacífico, onde o magnata senhor Roarke (Michael Peña) recebe alguns visitantes para passar as férias na chamada “Ilha da Fantasia”, onde tudo é possível. Os turistas tiveram de preencher uma página contando um desejo que gostariam de realizar no local. De maneira muito deturpada e sinistra, esses desejos se realizam.

O elenco conta com alguns rostos conhecidos, como Michael Peña, Lucy Hale (que repete parceria com o diretor, depois de “Verdade ou Desafio”), Maggie Q e Portia Doubleday. Produtor da aclamada série “Motel Bates”, Wadlow geralmente prefere trabalhar em longas de terror ou ação.

O cineasta se desdobrou para dirigir “A Ilha da Fantasia” com apenas 7 milhões de dólares. Para os padrões do cinema brasileiro, parece muita grana, mas dentro da perspectiva hollywoodiana, isso é um filme de baixo orçamento. A bilheteria também não foi nada volumosa, angariando meros 49 milhões em todo o mundo.

O filme lida com temas sombrios e sobrenaturais, revisita o passado das pessoas e transforma situações impossíveis. Acompanhamos desde o momento em que o pequeno avião com os visitantes aterrissa na ilha e eles são recebidos por Julia (Parisa Fitz-Henley), uma anfitriã aparentemente adorável, mas que guarda um segredo obscuro.

Entre os turistas, estão: o policial Patrick (Austin Stowell), que sonha em ser um soldado como seu pai; uma elegante corretora de imóveis chamada Gwen (Maggie Q), que quer voltar no tempo e aceitar o pedido de casamento de seu ex-namorado de cinco anos atrás; a jovem Melanie (Lucy Hale), que deseja se vingar da garota que praticou bullying com ela no colégio; e os meios-irmãos Brax (Jimmy O. Yang) e JD (Ryan Hansen), que querem curtir algumas farras e diversões com bebidas, drogas e sexo.

Conforme seus desejos vão se realizando, eles também se cruzam e se transformam em uma verdadeira confusão aparentemente sem pé e nem cabeça. Mortos voltam à vida, pessoas que não existiram passam a existir, algozes monstruosos e implacáveis perseguem os visitantes e nada permanece positivo e pacífico. A ilha simplesmente distorce tudo para o mal, como o mundo de Jurassic Park que se volta contra seus turistas.

No fim das contas, aquelas pessoas estão ali por motivos de força maior, não porque escolheram estar, como acreditam. Além disso, as fantasias são possíveis graças a uma fonte de água mágica localizada no lugar. Para impedir que as coisas fiquem ainda mais sangrentas e confusas, o grupo acredita que precisa destruí-la.

“A Ilha da Fantasia” é uma peça pregada em cima de várias outras peças. Wadlow é um grande brincalhão, mas com um humor bastante obscuro e ácido. No fim das contas, somos nós quem caímos. Um entretenimento de pouco mais de uma hora e meia, o filme nos faz pensar sobre a futilidade dos desejos e sobre como a vida nos dá exatamente o que precisamos, não aquilo que queremos.


Filme: A Ilha da Fantasia
Direção: Jeff Wadlow
Ano: 2020
Gênero: Fantasia/Terror/Mistério
Nota: 6/10

Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.