Um dos filmes mais caros e subestimados da história da Netflix Matt Kennedy / Netflix

Um dos filmes mais caros e subestimados da história da Netflix

David Ayer é o diretor por trás de “Marcados para Morrer”, “Tempos de Violência” e “Esquadrão Suicida”. Conhecido por dramas policiais situados em Los Angeles, em “Bright” ele decidiu levar as coisas para um novo nível. Ayer mistura fantasia e realidade e conta a história de dois policiais, Daryl Ward (Will Smith) e Nick Jakoby (Joel Edgerton), que atuam em uma Los Angeles tomada por gangues, violências domésticas e marginais e habitada por humanos, orcs, elfos e outros seres fantásticos. Aliás, o próprio Jakoby é um orc. Ele é o primeiro a se tornar policial e, por isso, sofre preconceito de outros colegas de profissão.

Durante uma ação, Ward é baleado por um orc e Jakoby não consegue capturar o atirador a tempo. Então, a corregedoria começa a perseguir Jakoby acreditando que ele tenha deixado o orc fugir de propósito. Enquanto é investigado, Ward e Jakoby vão atender a um chamado e prendem a elfa Tikka (Lucy Fry), que é caçada por Leilah (Noomi Rapace) e seu grupo terrorista Inferni. Eles planejam despertar o Senhor das Trevas, cuja profecia diz que ele irá destruir o mundo.

O enredo dá um vislumbre de como os seres humanos podem ser preconceituosos e marginalizar aqueles que são diferentes. O filme também é sobre como o poder corrompe todo mundo, mesmo em um universo mágico e onde muitas fantasias podem se tornar realidade.

Esse universo reimaginado foi criado por Max Landis especialmente para Ayer. O roteiro foi vendido por 3,5 milhões para a Netflix, após um leilão disputado entre ela, a MGM e PalmStar Media, e o orçamento estimado do filme foi de 90 milhões de dólares. Mesmo com as diversas críticas negativas, a streamer e produtora havia anunciado, em 2017, que “Bright” teria uma sequência. As negociações avançaram, até que em 2018 foi divulgado que as gravações seriam feitas no ano seguinte. No entanto, não foi possível filmar em 2019, porque a agenda de Will Smith estava lotada. Em 2020, teve a pandemia de Covid-19, além das conversas entre a Netflix e o diretor Louis Leterrier para que ele assumisse o filme, atrasaram ainda mais o processo. O martelo bateu e selou o fim da tentativa de sequência em 2022, após Will Smith dar um tapa em Chris Rock na cerimônia do Oscar.

“Bright” tentou disputar à estatueta da Academia em 2018 na categoria de melhor maquiagem, mas acabou de fora da premiação. Para transformar os atores e figurantes em orcs, uma equipe de aproximadamente 40 maquiadores usou pinturas manuais, aerografia e tatuagens temporárias para criar esses personagens. Além disso, também foram produzidas máscaras de látex, que eram coladas ao redor dos olhos da boca.

Para criar o idioma élfico, foi contratado o consultor linguista David Peterson, o mesmo responsável pelos idiomas da série “Game of Thrones”. Ele também inventou toda a gramática e pronúncia para as palavras e supervisionou os sotaques dos atores durante as filmagens.

Retornando às críticas negativas, elas não foram suficientes para abalar a confiança de Ayer, que reagiu em seu perfil no Twitter dizendo que “reações fortes são os melhores elogios”. Ele ainda afirmou que foi muito divertido realizar “Bright” e que todos os seus trabalhos são feitos por amor, não por audiência.


Filme: Bright
Direção: David Ayer
Ano: 2017
Gênero:
Fantasia/Ação/Policial
Nota: 7/10

Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.